“Desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor” (Filipenses 2:12)
“A confissão de obras más é o primeiro começo de obras boas.”
- Agostinho de Hipona
No coração de Deus está o desejo de perdoar e amar. Por isto
ele pôs em ação todo o processo redentor que culminou na cruz e foi confirmado
na ressurreição. Nesse processo a palavra de Deus precisou ser liberada de
maneira viva. Lembre-mos que a palavra já existia antes de Jesus, mas ela era
morte. A Lei nos foi dada como condenação e morte por que ninguém pode
cumpri-la. Mas quando a palavra da lei não foi suficiente para salvar a
humanidade, a palavra viva, o verbo vivo se fez carne e habitou entre nós. E na
cruz aconteceu a maior confissão intercessória de todos os tempos: “Pai
perdoa-lhes pois não sabem o que fazem.”
O Gólgota resultou do grande desejo divino de perdoar, mas
não poderia acontecer sem que houvesse confissão. Jesus viu que mediante seu
sofrimento vicário ele poderia realmente assumir todo o mal da humanidade e
assim curá-la, perdoando-lhe.
A disciplina
da confissão não é uma questão psicologica ou terapêutica. Ela é muito mais do
que isso porque realiza uma mudança objetiva em nosso relacionamento com Deus e
o nosso próximo. É um meio de curar e transformar a nosssa disposição interior.
A
confissão que num primeiro momento te levou à salvação, agora pode te conduzir
por um caminho de aperfeiçoamento.
“Mas
eu pensava que o sacrifício de Cristo na cruz tinha algo que ver com a salvação
apenas”, pode você dizer. Sim isso em partes está correto. Mas a salvação, de
acordo com a Bíblia, refere-se a muito mais do que a questão de quem vai para o
céu ou quem se tornará cristão. Aos convertidos, Paulo disse: “Desenvolvei a
vossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2:12).
“Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em
nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo. 2 Mas está sob tutores e curadores até ao
tempo predeterminado pelo pai.” Gl 4:1-2
Num
sermão intitulado “O Arrependimento dos Crentes”, João Wesley falou da
necessidade de os cristãos receberem como herança mais da graça perdoadora de
Deus dia após dia. A Disciplina da confissão pode ajudar o crente a crescer “à perfeita varonilidade,
à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4:13).
“Mas
não é a confissão uma graça em vez de uma Disciplina ou esforço próprio?” Ela é
ambas. A menos que Deus conceda a graça, não há confissão autêntica. Mas é
também uma Disciplina, porque há coisas que devemos fazer. É um curso de ação
conscientemente escolhido que nos conduz à sombra do Todo-poderoso.
Antes,
no início da minha caminhada cristã, eu pensava que confissão fosse um assunto
privado entre o indivíduo e Deus. Aqui também a afirmação não está errada, mas
também não está completa. Com relação à confissão damos graças pelo ensino da Reforma, de que há “um só Mediador
entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2:5).
Mas também
somos gratos pelo ensino bíblico, cujo apreço se renova em nossos dias, enquanto
além de confessarmos a Deus “confessamos os nossos pecados uns aos outros, e oramo
uns pelos outros...” (Tiago 5:16). Ambos se encontram na Bíblia, e
um não exclui o outro.
Achamos
a confissão uma Disciplina tão difícil em parte porque vivemos a comunidade dos
crentes com uma comunhão de santos antes de vê-la como uma comunhão de
pecadores. Chegamos a sentir que todos os outros progrediram tanto em santidade
que nos encontramos isolados e sozinhos em nosso pecado. Ou de maneira oposta,
pensamos que somos mais santos que os nossos irmãos. Assim, escondemo-nos uns
dos outros e vivemos em mentiras veladas e em hipocrisia.
Se,
porém, sabemos que o povo de Deus é, antes de tudo, uma comunhão de pecadores,
estamos livres para ouvir o incondicional chamado de amor de Deus e confessar
nossa necessidade abertamente diante dos irmãos e irmãs. Sabemos que não
estamos sozinhos em nosso pecado. O medo e o orgulho que se apegam a nós como
cracas, apegam-se aos outros também. Somos pecadores juntos. Em atos de
confissão mútua, liberamos o poder que cura.
Nossa
condição humana já não é negada mas transformada.
Quem
não confessa pecados, nega sua condição. Quem confessa pecados passa por
transformação.
Consequências da confissão de pecados na vida do
crente:
1. A confissão trás o perdão.
Sim! A
confissão trás perdão quando confessamos nossas iniquidades e pecados a Deus. O
ato de confessar também prepara o caminho para que sejamos perdoados pelo nosso
próximo.
2. A confissão trás a reconciliação.
Um vez
que o pecado foi exposto através da confissão, um caminho é desimpedido para a
reconciliação. Lembremos dos irmãos de
José do Egito. Gn 50:15-21
3. A confissão trás comunhão.
Restaura
o relacionamento do pecador com Deus e seu próximo.
4. A confissão trás o poder do acordo.
A
confissão produz despertament gerando concordância.
5. A confissão trás unidade.
Da
mesma maneira que o pecado não confessado trás separação entre Deus e os
homens, a confissão restaura a unidade.
6. A cofissão
trás luz.
Confessar
pecados é uma maneira de expor a luz de Deus neste mundo.
“Determinação
de evitar o pecado” é o terceiro elemento de uma boa confissão.
A
Disciplina da confissão põe termo ao fingimento. Deus está chamando à
existência uma igreja que possa confessar abertamente sua frágil condição
humana; uma igreja que conhece não só a graça perdoadora de Cristo mas também a
graça de Cristo que lhe dá autoridade. A honestidade conduz à confissão, e a
confissão conduz à mudança. Possa Deus conceder à igreja, mais uma vez, a graça
de recobrar a Disciplina da confissão.
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