“E assim, a lei veio para o justo em si
mesmo, a fim de quebrar seu orgulho. Todavia, o evangelho da graça veio para o
pecador a fim de remover seu desespero.” Charles Spurgeon
A graça é a capacidade de Deus
para justificar o pecador que se entrega totalmente a Ele. Quando penso nisso, decido
tornar-me totalmente dependente d’Ele e me surpreendo por essa maravilhosa boa
nova; tudo é pela graça!
Constantemente vejo irmãos
preciosos dispensando grande esforço para agradar e atrair as bênçãos de Deus, a
maior parte destes, mal sabe que quanto mais se esforçam para promover o agir
divino, mais distantes se tornam da graça de Deus. Alguém achar que Deus o está
abençoando por esforço próprio, está na verdade se enganando, pois esse é um
dos sentimentos mais ridículos e repugnantes que o
homem pode abrigar em seu
coração.
Desde o dia em que fomos salvos pela decisão de receber
Jesus como Salvador e Senhor das nossas vidas pela fé, tudo o que recebemos nos
foi dado de graça, nada podemos receber por nosso esforço próprio.
“Entrega o teu caminho ao Senhor; confia
nele, e ele tudo fará.” Sl 37:5
“... tendo por certo isto mesmo, que aquele
que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus.” Fl
1:6
A graça deve operar em nós de
maneira plena, pois é ela que tudo faz, quem começou essa maravilhosa obra vai
continuá-la até o dia em que estivermos glorificados com Cristo.
O maravilhoso chamado para a
graça está relatado em Mateus 11:28-30.
“28 Vinde a mim, todos os que estai
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo,
e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso
para as vossas almas. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.” Mt
11:28-30
Nós precisamos viver a vida
cristã no descanso da graça. Se você vive preocupado e não consegue descansar
diante dos desafios dessa vida, te convido a ler comigo uma promessa na qual
você deve depositar sua fé, pois ela se firma no pacto da graça. O Deus que não
pode mentir, disse em Ezequiel 36:26:
“26 Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.
27 Ainda porei dentro de vós o meu
Espírito, e farei que andeis
nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis. 28
E habitareis na terra que eu dei a vossos pais, e vós sereis o meu povo, e eu
serei o vosso Deus. 29 Pois eu vos
livrarei de todas as vossas imundícias; e chamarei o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome
sobre vós; 30 mas multiplicarei o
fruto das árvores, e a novidade do campo, para que não mais recebais o
opróbrio da fome entre as nações.” Ez 36:26
Atente para a ação de Deus
através de seu favor. Ele diz, “eu darei”, “eu porei”, “eu tirarei”, “eu
farei”, “eu livrarei”, “eu multiplicarei”, e assim vai trazendo para Ele toda a
glória. Tudo Ele fará! Aleluia! Esse é o estilo do Rei da graça, o qual é
poderoso para realizar tudo em todos segundo a Sua perfeita vontade. D’Ele é
todo o trabalho! Nunca será demais dizer: Ele tudo fará!
Em dias onde as circunstâncias
parecem conspirar contra os planos do Deus de amor, quando os céus parecem
fechar e o desespero tenta nos tragar, posso abrir a boca e cantar o refrão da
canção de Marquinhos Menezes:
“É Meu somente Meu todo trabalho,
e o teu trabalho é descansar em Mim”.
O Senhor decidiu fazer tudo pela
graça, pois Ele sabe que você não pode mudar seu próprio coração nem purificar
sua própria natureza por mérito próprio.
Disse Chuy Olivares, “nada temos
pelos próprios méritos. Então, por que se orgulhar de algo que nem é nosso?”.
O doutor C. I. Scofield escreveu:
“A graça não está em busca de homens bons a quem ela possa aprovar, porque isso
não é graça, mas a simples justiça que aprova a bondade. A graça está buscando
homens e mulheres condenados, culpados, que não se defendem e que não podem
fazer nada por si mesmos; ela os busca para salvá-los, santificá-los e glorificá-los”.
Confesso que durante muito tempo
estive preso pelas cadeias do legalismo, mas um dia os meus olhos se abriram
para as palavras do apóstolo Paulo escritas para os irmãos em Roma.
“10 como está escrito: Não há justo, nem
sequer um. 11 Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. 12 Todos se
extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem
um só.” Rm 3:10-12
A onisciência de Deus, que enxerga
através dos enganos da religiosidade, sempre nos faz lembrar, que todas as
nossas “boas obras” são como trapos de imundícia (Is 64:6).
“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas
justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as
nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.” Is 64:6
A graça se manifestará não porque somos justos, mas para
fazer-nos justos.
Jesus veio para justificar
pecadores que reconhecem que são fracos e incapazes de vencerem por seus
esforços. A ação de justificar pecadores é dádiva de Deus, e segue na contramão
do mundo que vive regido por um sistema de trocas e recompensas, por essa razão
Jesus foi tão resistido pelos religiosos de sua época que não aceitaram a
mensagem da graça.
“15 Ora, estando Jesus à mesa em casa de
Levi, estavam também ali reclinados com ele e seus discípulos muitos publicanos
e pecadores; pois eram em grande número e o seguiam. 16 Vendo os escribas dos
fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos:
Por que é que ele come com os publicanos e pecadores? 17 Jesus, porém, ouvindo
isso, disse-lhes: Não necessitam de
médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.”
Mc 2:15-17
O favor de Deus é para pecadores
e não para justos. Só os que se despiram do orgulho e reconheceram a sua
natureza falha e enferma receberam a graça de Deus, pois está fora dos planos
de Jesus, perdoar quem pensa não ter pecado. A graça só pode ser liberada sobre
os que reconhecem que são culpados e passivos de condenação. Será impossível ao
caro leitor receber de Deus, se a partir desse ponto não reconhecer sua total
fraqueza.
Na pregação “Graça Irresistível e Depravação Total”, John
Piper disse: “Não é que 99% de você seja escravo do pecado e uma parte de 1%
seja bem esperta ou espiritual ou bastante bem-sucedida para produzir o que é
exigido de você. Não há esse 1%, estamos 100% mortos em delitos e pecados e
somos incapazes de fazer o bem. Você ama o mal de tal forma que não consegue
fazer o bem. Você é tão inclinado ao orgulho, que não consegue ser humilde”.
João Calvino também expressou a
real condição do homem caído quando disse: “Nós mesmos somos totalmente
corruptos, porque de uma maneira ou de outra o pecado contamina tudo que
pensamos, desejamos e fazemos. Portanto, nunca tememos a Deus da maneira como
deveríamos, nunca O amamos como deveríamos e nunca Lhe obedecemos com um
coração completamente puro”.
Enquanto o homem não reconhecer
sua insuficiência, não experimentará a graça dos céus. Se você expira ares de
orgulho por alguma realização própria, distanciado está do favor imerecido. A
graça não está disponível para o homem cuja justiça está embasada em suas
próprias obras. Os sãos não precisam de médicos e sim os doentes. Será um
grande desperdício de tempo estar diante de um médico se não está doente. Se em
qualquer lugar do mundo houver um médico que tenha descoberto remédios seguros
e eficazes, a quem seria ele enviado? Àqueles cheios de saúde? Acredito que
não. Envie-o para uma comunidade onde não haja enfermos e ele se sentirá
completamente deslocado, nada ele poderá fazer, pois os sadios não precisam dos
seus serviços, e sim os doentes. O Médico dos médicos não pode fazer nada pelos
sadios, o remédio da graça é só para os que reconhecem e confessam que estão
enfermos. Charles Spurgion disse: “E assim, a lei veio para o justo em si mesmo,
a fim de quebrar seu orgulho. Todavia, o evangelho da graça veio para o pecador
a fim de remover seu desespero”.
Como escreveu Brennan Maninng:
“A graça de Deus não é para
cristãos musculosos, nem para acadêmicos cheios de exegese; não é para os que
nunca derramam lágrimas, não é para os que se gabam como o jovem rico. Não é
para os soberbos que sustentam suas vitórias no esforço próprio; não é para os
legalistas cumpridores de regras e doutrinas. A graça de Deus é para os
sobrecarregados e oprimidos, é para os vacilantes e errantes que vez ou outra
se desviam do ‘Caminho’ e rumam para o vale da sombra da morte. A graça de Deus
é para os inteligentes que sabem que são estúpidos, para os discípulos que
reconhecem que são canalhas”.
Ninguém pode desfrutar da graça
por ser uma boa pessoa, mas somente porque Deus é bom e transbordante de amor
incondicional. Seu amor e bondade manifesta diariamente sobre nós a Sua
justiça, pois todos os dias quebramos as leis de Deus, mas a graça é que nos
priva da condenação dos pecados que cometemos.
Acredite que tudo o que o Senhor
prometeu, Ele cumprirá. Devemos crer nisso em relação ao perdão, justificação
diária, preservação e glória eterna. A fé deve estar posta em Deus e na Sua
infalível palavra em relação a tudo que vem das suas mãos segundo as promessas
que Ele mesmo fez aos que n’Ele creem. No caminho da graça, devemos avançar
sempre sem nunca retroceder, crendo de todo coração que Jesus é quem Ele disse
ser e fará o que disse que faria; esse é o nosso “esforço”, é a nossa
participação. Assim temos, cada um de nós, de confiar n’Ele dizendo: Ele será
para mim quem Ele diz ser, e fará comigo aquilo que Ele prometeu fazer;
entrego-me nas mãos d’Aquele que foi designado para me salvar. Meu descanso
diário está na promessa de que ele está todos os dias comigo, até a consumação
do século. Decido depositar na graça, a fé que me salva e justifica.
Quaisquer
que sejam os perigos e dificuldades, trevas ou barreiras, enfermidades ou
pecados, basta-nos crer que em Cristo não somos condenados e jamais seremos
derrotados.
O resultado imediato de tudo o
que foi escrito neste capítulo é: “Não temas, crê somente”. Confie e descanse.
A graça do Senhor está sobre nós