“3 Porquanto eu acumulava
inveja dos arrogantes, ao ver a prosperidade desses ímpios. 4 Eles não passam por crises e
sofrimentos, e têm o corpo esbelto e saudável. 5 Estão livres dos fardos
cotidianos impostos a todos os mortais, não são atingidos por doenças como a
maioria das pessoas.” Sl 73:3-5
O assunto que eu quero abordar
neste capítulo, atinge cerca de 100% por cento das pessoas que eu conheço.
Vamos falar sobre os perigos de se comparar com outras pessoas.
Infelizmente,
muitos acabam se entristecendo ao pararem suas vidas reparando na “felicidade”
alheia. Gostariam de ter o que fulano tem, estar ou chegar aonde fulano chegou,
como se fosse um fracasso viver em outra realidade. E isso tudo ocorre por
causa da comparação.
Você não
pode permitir que esse tipo de coisa roube a sua alegria e a sua paz de
espírito, como se a falta disto ou daquilo lhe definisse como fracassado.
Somos a todo
o momento tentados pelo nosso ego, a comparar-nos com os outros. Isso acontece
comigo desde sempre. Lembro-me de minha mãe me chamando a atenção ainda quando
eu era uma criança. Ela dizia: “Edenir, você não é o seu primo. Ele tem a vida
dele e você tem a sua”. Isso sempre aconteceu comigo.
Na infância a
comparação acontece quando os nossos irmãos recebem um pedaço maior de doce na
sobremesa. De uma forma ou de outra, estamos constantemente olhando para a
esquerda e para a direita para ver como nos comparamos com os que nos cercam.
Às vezes ficamos por baixo – aquela lá é mais magra, mais engraçada ou mais
inteligente, aquele é mais famoso, mais poderoso, mais engraçado. Às vezes
ficamos por cima – a nossa casa é maior, mais chique, mais limpa. Mas esse jogo
de comparação é um jogo sem vencedores.
Fomos
programados para a comparação
Nós fomos criados para viver
em sociedade. Somos seres sociais. Biologicamente, o ser humano foi criado para
viver olhando para o próximo e se espelhar no mesmo. Por mais que você resista
e lute contra essa verdade, não tem jeito, você sempre estará olhando para as
pessoas e fazendo comparações. Pedro Calabrez, professor de neurociência diz que
80% dos nossos pensamentos são sobre outras pessoas. E quantos desses
pensamentos são pensamentos de comparação?
A
comparação pode te deixar orgulhoso ou deprimido
Apesar desta atitude ser tão
natural, ficar se comparando com os outros não é nada saudável. Se o resultado
da tal comparação for “satisfatório”, você fica altivo, se achando o máximo,
poderá se acomodar com os bons resultados e já não mais se esforçará tanto,
diminuindo assim o seu ritmo. Porém, se o resultado for decepcionante, você ficará
inseguro, se sentirá inferior e desanimará. Resumindo, se você descobrir que é
melhor que determinada pessoa, poderá ficar arrogante e orgulhoso. Por outro
lado, se descobrir que é pior, poderá ficar deprimido. Fuja da armadilha da
comparação!
Se existe
algo que pode destruir sua alma é a tal da comparação. Aprenda essa preciosa
lição: “Você sempre vai perder quando se comparar com outras pessoas. Se
comparar com outros sempre será perigoso, simplesmente porque você é diferente
de todos os outros oito bilhões de seres humanos que vivem neste planeta.
A
comparação é o nascedouro da inveja
A inveja nasce a partir da
comparação. Quando alguém se compara com o outro, tende a sentir sentimentos
ruins como arrogância ou depressão. A dor de se sentir menor ou menos
favorecido, ou maior e privilegiado é fruto da comparação. O invejoso
geralmente é fofoqueiro e não se contenta em se comparar com o outro, mas
empresta sua mente e boca ao diabo para denegrir seu próximo.
O salmista
Asafe é um exemplo claro disto, pois ao se comparar com os ímpios, além de se
entristecer, também passou a achar que tudo o que fazia em relação a Deus
estava sendo em vão (Sl 73:3-5).
De fato, a
inveja seria erradicada se não houvesse comparação. Essa é uma afirmação
bastante séria e você talvez não acredite no que acabei de dizer. Porém, me
diga uma ocasião onde a inveja se manifeste que não haja alguém se comparando
ou tentando diminuir seu próximo.
Observando
as várias facetas da inveja, vemos que a comparação está na sua raiz.
Comparação
geralmente gera ingratidão
Um dos maiores danos de viver
se comparando com os outros é que em pouco tempo essa pessoa se tornará
ingrata. Veja o exemplo de Eva. Ela estava no Eden, tinha uma infinidade de
frutas para comer, mas escolheu comer daquela fruta que estava vetada no seu
cardápio. Ela escolheu comer da árvore do conhecimento do bem e do mal para ser
como Deus.
Geralmente a
comparação vai alimentar a insatisfação que vai gerar a ingratidão. Se comparar
com outros só vai te deixar ranzinza, insatisfeito e ingrato.
A palavra de
Deus nos ensina a sermos gratos por tudo o que temos e somos.
A
comparação é a mãe do complexo de inferioridade
Alfred Adler afirmava que a luta do homem por superioridade (de si ou
dos outros) é um dos nossos fatores principais de motivação. O problema
acontece quando a luta pela superioridade não é vencida e você se sentir menor
ou inferior. Daí surge a expressão “complexo de inferioridade”. Segundo Adler,
todos nós em algum momento temos sentimentos de inferioridade. Assim, se
comparando com o outro, às vezes nós vemos que existem pessoas que têm mais
facilidade em determinadas coisas do que nós. Muita gente quando percebe isso
acaba desistindo de se aperfeiçoar e de aprender, afinal de contas tem gente
que consegue muito mais fácil. Poucas coisas na vida são tão prejudiciais para
a humanidade quanto viver se comparando com outras pessoas.
Cuidado
com as redes sociais
Para deixar o péssimo hábito
de se comparar com outros, acredito ser necessário deixar de seguir pessoas no
instagran, gastar menos tempo no facebook, etc. Não é novidade pra você que a
maioria das pessoas nas redes sociais, estão maquiadas por aplicativos dos mais
diversos. Muitas vezes o outro a quem você se compara nas redes sócias não é o
outro verdadeiro. É uma versão melhorada dele. As redes sociais são gatilhos de
comparação. Se contar que as redes sociais também são grandes fontes de inveja.
Olhar pra
vida dos outros também te impede de olhar para si mesmo e melhorar quem você é.
Uma pesquisa científica constatou que 80% dos nossos pensamentos é sobre outras
pessoas. Certamente seríamos pessoas melhores se seguíssemos o conselho de
Paulo aos Coríntios. Vamos ao texto:
“Examine-se, pois, o
homem a si mesmo...”. 1Co 11:28
Num contexto
de divisão e competição, Paulo diz que devemos olhar para nós mesmos e ver o
quanto podemos melhorar.
Saul
foi tomado por inveja e raiva por causa da comparação
Quando Davi venceu Golias,
encontrou muitas mulheres dançando e cantando: “Saul matou mil, mas Davi matou
dez mil”. Ao ouvir isso, Saul se comparou a Davi e foi dominado por uma forte inveja
e raiva. Esse sentimento maligno caiu em seu coração como um veneno. Diz a Bíblia
que o rei ficou encolerizado e usou a expressão: “A Davi deram dez mil; a mim,
somente mil”.
Ele escutou
a celebração que Davi havia tido, mas ela se transformou numa derrota para ele.
Isso acontece porque quando nosso coração se compara com o outro, corremos o
risco de ver a nossa nossa derrota. O coração de Saul sustentava uma
comparação, por isso comemorou o momento com raiva. A partir disso, aquele que
era amigo de Davi desejava matá-lo.
Um coração
que se enche de comparação nunca celebra a vitória do outro, porque a medida da
inveja será sempre maior do que a medida da admiração.
Pastor
Edenir, quer dizer então que não posso me comparar com ninguém? Sim, você pode
e deve!
Com
quem devemos nos comparar?
Em primeiro lugar, compare-se com você mesmo! Isso mesmo! Compare-se com
você mesmo! Olhe para você ontem e diga: Hoje eu me serei um pouco melhor do
que fui ontem, pelo menos 1% melhor. Hoje vou falar melhor com minha
esposa... Vou dar mais carinho para os meus filhos... Vou estudar mais que
estudei ontem... vou ser mais gentil... Vou orar mais... Vou ler mais Bíblia...
Hoje serei mais positivo do que fui ontem... etc.
Será que
você não está perdendo tempo demais comparando-se com os outros e, dessa forma,
se descuidando das coisas boas que existem você, do grande potencial que você
tem?
Quando somos
fortalecidos em nossa identidade, quando sabemos realmente quem somos, seremos
os primeiros a vibrar com as conquistas alheias. Se alguém conseguiu, você
também consegue, você também pode. Mas não é porque alguém fez ou conseguiu que
você tem que ser ou fazer exatamente igual.
Em segundo
lugar, compare-se com Jesus, pois Ele é o nosso maior referencial de
comportamento a ser imitado em tudo. É exatamente isso o que a Bíblia diz que
devemos fazer!
“olhando fixamente para o Autor e Consumador da fé:
Jesus...”. Hb 12:2a
Devemos
olhar para Jesus e desejar ser como Ele é! Paulo sempre buscou olhar fixamente
para Cristo ao ponto de exortar os irmãos de Corinto dizendo:
“Sede
meus imitadores, como eu o sou de
Cristo!” 1Co 11:1
Paulo olhava para Cristo e o imitava! Paulo tinha Cristo como o seu
parâmetro e isso o fez fiel discípulo e seguidor até as últimas consequências.
Assim, aprendemos que a nossa felicidade plena está em olhar para Cristo e nos
tornarmos parecidos com Ele!
Ações práticas
para se libertar da comparação
Quando você perceber que está
se comparando com alguém, decida admirar-se. Em vez de alimentar a inveja, competição,
rivalidade, admire, apenas admire.
Outra
atitude é, seja grato! Isso mesmo, seja grato pelas conquistas e qualidades,
virtudes e habilidades do seu próximo. Deixe a alegria do Senhor fluir em seu
coração. Expresse alegria quando perceber a bênção de Deus alcançando seus
irmãos. Tenha sempre bons olhos para enxergar graça e bondade no outro.
Por fim, Acredite
que você é único para cumprir o seu propósito.
“Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que
complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para
testemunhar o evangelho da graça de Deus.” At 20:24
Todos nós
nascemos com um propósito e destino. Entre quase 8 bilhões de pessoas na terra,
cada uma nasceu com uma característica e uma identidade própria. Apesar de
muitas pessoas não reconhecerem essa realidade, acabam não desenvolvendo o que
foram chamadas para fazer porque estão se comparando com outras pessoas e
outros chamados. Quando trato sobre chamado, não estou me referido apenas ao
ministério, mas, a toda vocação que rege a vida de alguém, seja profissional ou
para algo dentro de outra esfera. Para cada vocação e propósito existe uma porção
de graça.
Se você vive
insatisfeito e frustrado naquilo que você faz, isso pode ser um grande sinal de
que você esta o tempo todo se comparando com outros. Como é importante cada
pessoa se encontrar em sua vocação, pois só existe plenitude na vida quando se
está vivendo o que foi chamado.
É triste ver
pessoas se comparando com outras ou tentando ser algo que não foram chamadas
pra serem. Eu já quis ser muita gente, me parecer com muita gente, porém sempre
me frustrei. Olhe para os outros, admire-os, no que for proveitoso, imite-os.
MAS PELO AMOR DE DEUS, SEJA VOCÊ MESMO!
Seu destino
está em seu DNA, nasceu com você e o mais incrível é que ele é único e ninguém
no mundo por mais inteligente ou habilidoso que seja, poderá viver o que você
foi chamado para viver, seu futuro é único. Então, não se compare, nem alimente
o desejo de ser ninguém. Viva o que em Deus foi separado antes que os seus
ossos fossem formados e desfrute daquilo que é exclusivo e preparado somente
para você.
João
Batista e o seu chamado único
A Bíblia nos
mostra o ministério de João Batista, ele era duro com os seus ouvintes, não
falava coisas muito agradáveis, mas mesmo assim, as pessoas o seguiam para
aquele lugar deserto para receberem o batismo nas águas. Uma das coisas que eu
acho incrível sobre João Batista é que ele não usurpou ser Jesus, nem foi
contrário ao seu ministério quando o tempo de Jesus se iniciou, ele reconhecia
que Jesus era maior do que ele.
Uma das
evidências de alguém que tem uma identidade própria e que está vivendo o seu
chamado é reconhecer o dom e chamado de Deus na vida de outras pessoas,
contribuindo para que esses talentos se desenvolvam. João tinha uma identidade
quando perguntaram para ele: Quem é você? Você é Elias? O Cristo? E ele
respondeu:“Eu sou a voz do que clama no deserto.” Ele tinha uma identidade e
sabia para o que ele foi chamado.
Então eu te
incentivo a desenvolver o seu propósito e depois disso ajude outros a cumprirem
o que Deus os chamou. Entenda o seu chamado, tenha uma identidade própria, pois
uma pessoa que entende o seu chamado, demonstra um verdadeiro respeito pela
vontade de Deus, mais uma pessoa que não entende o seu chamado se torna um
impedimento para a sua vocação.