O amor tudo suporta!
Falar de amor, mais precisamente do
amor de Deus, é um grande desafio, pois me parece que
muitos cristãos que conheço estão
saturados de tanto ouvir falar sobre este assunto. Mas como escrever um livro
sobre relacionamentos saudáveis entre cristãos e não falar
sobre o amor de Deus? Desde o primeiro dia da nossa nova vida em Cristo, foi o
amor de Deus, o causador do nosso novo nascimento e conversão. É esse
amor que nos tem ensinado e capacitado a viver a vida cristã. Este
imenso e infinito amor nos tem sustentado e impulsionado a continuar a carreira
que nos foi proposta.
Certamente nenhum outro assunto é tão falado
na Bíblia quanto o amor. A disposição de Deus
é de sempre amar o homem, e Ele espera
que nós tenhamos a mesma disposição para com
Ele e o nosso próximo.
Na arte de relacionar, o amor de Deus
precisa ser o start para a construção de vínculos de
amizade, companheirismo e irmandade. Estabelecer e fortalecer de maneira
duradoura a alegria, prazer e unidade nos relacionamentos, só será possível a
partir da decisão de amar incondicionalmente. Essa
decisão nos fará viver melhor e com mais
qualidade.
A necessidade maior do mundo,
atualmente, não é de mais ciência, nem
traquejo social, nem ensino, nem conhecimento, nem poder, nem sermões; o que
realmente precisamos hoje é experimentarmos diariamente o amor de
Deus nos nossos relacionamentos. A decisão diária de
amar é indispensável à sobrevivência, pois
as duas maiores necessidades relacionais do ser humano é amar e
ser amado. Sem essa atitude interior, perdemos nossas vitalidades emocional e física.
Quando pautamos o nosso viver no amor de Deus, sentimos um profundo bem-estar
que nos afeta física, mental, social e espiritualmente.
A carência afetiva como consequência da
falta do amor de Deus, leva muita gente ao divórcio, aos hospitais psiquiátricos e
até ao suicídio. A vida cristã autêntica é
sustentada pelo amor de Deus, e se ele faltar, nos faltará tudo,
pois não haverá sustentação para os
relacionamentos. Quando o apóstolo Paulo escrevendo aos corintios
diz que "O amor tudo suporta" (1Co 13), ele está dizendo
que o amor é o suporte que no entendimento literal
da palavra, sustenta todos os relacionamentos que desenvolvemos nas mais
diversas áreas de convivência.
Para os cristãos
construírem relacionamentos saudáveis, se
faz necessário uma compreensão
profunda sobre o princípio do amor de Deus. O alvo de todo
cristão deve ser amar a Deus e ao próximo sem
limites, acima das nossas razões deve estar o amor. Todavia, para
amar sem limites, precisamos nos aproximar cada vez mais de Deus, seguir de
perto os seus passos, sentir de verdade o seu coração, porque
Ele é a única fonte do amor
incondicional. A própria Escritura define a pessoa
maravilhosa do Senhor dizendo “Deus é amor” (1 João 4:8).
Essa frase relativamente pequena em quantidade de palavras tem um grandioso e
poderoso significado. Os mais conhecidos e respeitados pregadores da Palavra de
Deus pelo mundo afora concordam que o “Amor de Deus”, é o
principal tema de sermões nas mais diferentes abordagens sobre
a Palavra de Deus. Frases como "Jesus te ama" ou "Deus é
amor", são as expressões mais
usadas e compartilhadas em todo o mundo em aconselhamentos e evangelismos. Isso
é maravilhoso! Uma das maiores e mais
nobres mensagens que podemos anunciar ao mundo é esta: Deus ama os pecadores
incondicionalmente!
O dois versículos
mais difundidos das Escrituras Sagradas são João 3:16 e
1Jo 4:8. Por amor a nós pecadores, Jesus deixou o céu para
morrer por nós. Nunca haverá uma
demonstração de amor maior do que esta. Ele é a fonte
de todo amor verdadeiro. Ele “tanto amou o mundo que deu o seu Filho” em
sacrifício para salvar a humanidade (1João 4:8; João 3:16).
A importância do amor, pode ser notada
na lista de manifestações do fruto do Espírito
Santo em Gálatas 5:22-23. No texto, o amor é o carro
chefe, é a porta que se abre para a prática da "...alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio."
Gl 5:22-23
O amor deve sempre se manifestar
primeiro, deve ser o motivo das nossas intenções e ações. Após a
manifestação do amor de Deus em nós,
contemplaremos uma enxurrada de coisas boas invadindo nossas famílias,
amigos, vizinhos etc. Só quem aprendeu a amar sem limites de
maneira incondicional sabe o que é sufocar o ego para relacionar
melhor com Deus e o próximo. Todos os problemas de ordem
relacional sem exceção começam quando o amor dá lugar ao
ego. Costumamos perguntar aos casais que em crise nos procuram: "Qual é o contrário do
amor?" A resposta que ouvimos frequentemente é: "O
ódio". Definitivamente o ódio não é o que contraria
o amor. O que se opõe ao amor é o ego. A
pessoa egoísta sempre vai resistir à prática do
amor verdadeiro. O sentimento egoísta sempre quer atrair a atenção para sí,
enquanto que o amor segue o caminho oposto. Veja que quando alguém se dispõe a amar,
precisa também se dispor a oferecer (João 3:16).
Quem ama verdadeiramente não quer
atrair a atenção para si mesmo. O egoísta
geralmente quer ser o centro das atenções, quer que tudo e todos
orbitem em volta de seu umbigo. Lembro-me de uma tirinha do Garfield em que depois
de muito tempo falando sobre si mesmo, ele disse a pessoa com quem conversava: “Estou
cansado de falar sobre mim; agora você fala sobre mim.”
Geralmente as pessoas egoístas são assim, pensam exclusivamente
nelas mesmas. Pessoas assim terminam sozinhas, sem razão para
viver e com uma profunda angústia.
Uma história pode nos fazer enxergar que
em pequenas ações podemos identificar o ego em ação.
A esposa depois de preparar a mesa para
o jantar, chama seu marido e filho para fazerem a refeição. Um
prato com três pedaços de bife acebolado chamava a
atenção da família. Quando todos estavam
assentados, após a oração de agradecimento pelo
alimento, seu esposo mais que depressa arrebata o maior pedaço do
bife. Sua esposa escandalizada o repreende dizendo: - O que você fez foi
muito feio, para que pegar o maior pedaço do bife? O marido então responde
com outra pergunta: - Amor se você fosse a primeira a pegar o
bife, pegaria o maior ou o menor pedaço? Então a esposa
responde: - Eu e com certeza e também o nosso filho, pegaríamos o
menor pedaço! O marido entçao
conclui: - O maior pedaço sobraria do mesmo jeito!
Pode parecer engraçada, mas
essa história reflete boa parte das decisões que
tomamos diariamente. Geralmente nossas ações visam o autobenefício. Aprendi
que a maior vitória de um cristão é vencer a
si mesmo, vencer seu ego amando sem limites. Vencer os outros é ser
vencedor. Vencer a si mesmo é ser mais do que vencedor. Isso porque
o ego é o mais poderoso opositor do amor.
Derrotar o ego é um grande desafio para os servos de
Deus. Li a seguinte definição em um texto dos Neuróticos Anônimos: “O egoísmo é um modo
de vida falido”.
Fora da cruz vencemos os outros. Na
cruz vencemos a nós mesmos. A cruz nos fere, esmaga todo
nosso egoísmo, orgulho, vaidade, vanglória, e
nos faz viver como Cristo viveu. Essa é a vida que devemos expressar,
a vida que flui na direção oposta ao ego. O amor é
caracterizado por uma atitude de priorizar o próximo. Quando o cristão não
exercita a prática do amor, passa a viver para a
proteção de seus direitos. Devemos nos lembrar
sempre que "o único direito que a alma verdadeiramente
crucificada tem é de abrir mão de seus
direitos”, disse Billheimer. Acho que aqui está o
segredo de uma vida cristã vigorosa e transbordante de amor como
nos tempos dos primórdios da fé cristã.
Todo o produto das nossas mãos que não procede
de amor, pode ser considerado pecado. Não há
neutralidade no reino do espírito. Por mais que alguém tente
ocultar o que vai no coração, seus relacionamentos o denunciará. O
escritor francês Duque de La Rochefoucauld (François
Poitou) que viveu no século XVII escreveu que: "Não há disfarce
algum que, por muito tempo, possa ocultar o amor onde ele existe, nem fingi-lo
onde não existe".
Certa vez Jesus repreendeu alguns
homens que profetizavam e expulsavam demônios. Eles faziam muitas coisas
grandiosas em seu nome. Sendo assim, por que foram duramente exortados se as
faziam em nome do Senhor? Porque o ponto de partida de tais obras era o ego,
por isso o Senhor declarou-os "malfeitores".
Veja que o amor de Deus sempre vai na
contramão do ego. "Porque Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito..." João 3:16. “Deus amou", e logo
depois "deu o seu único filho".
Este é o amor de verdade. Amar é a disposição de abrir mão de algo que nos pertence para o benefício do nosso próximo. Amar é dar sem limites. Este sempre será o primeiro passo para o êxito nos relacionamentos.
A importância do amor de Deus como ponto
de partida ou como base para tudo o que empreendemos está na carta
escrita por Paulo aos Corintios. "Ainda
que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver amor, serei como o bronze que
soa ou como o címbalo que retine. 2 Ainda que
eu tenha o dom de profetizar e conheça todos
os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes,
se não tiver amor, nada serei. 3 E ainda que
eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio
corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me
aproveitará. 4 O amor é
paciente, é benigno; o amor não arde em
ciúmes, não se
ufana, não se ensoberbece, 5 não se
conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se
exaspera, não se ressente do mal; 6 não se
alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade; 7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8
O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão;
havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, passará; 9
porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. 10 Quando, porém, vier o
que é perfeito, então, o que é em parte
será aniquilado. 11 Quando eu era menino,
falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a
ser homem, desisti das coisas próprias de menino. 12 Porque,
agora, vemos como em espelho, obscuramente; então,
veremos face a face. Agora, conheço em parte; então,
conhecerei como também sou conhecido. 13 Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o
amor, estes três; porém o maior
destes é o amor." 1 Co 13:1-13
A fé a esperança e o
amor permanecerão, mas o amor é maior,
pois se trata da essência do próprio
Deus. Deus é amor! O amor está fincado
como uma base que não se remove, um fundamento impossível de
ser arrancado. Se o que fazemos está lançado sobre
ele, certamente não seremos frustrados e permaneceremos
vencendo como Jesus venceu. A força do amor pode ser notada também nas
palavras escritas aos Romanos 8:38-39: “Porque eu
estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a
altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Em nenhuma outra crença ou
religião encontramos um Deus de amor tão
maravilhoso, pronto para dar a sua própria vida por seus filhos. Deus
nos amou primeiro e por isso pode pedir a nós hoje que O amemos. Isso não pode
ser entendido como um sentimento, mas uma decisão. Não siga
pensando no amor como um sentimento ou uma ardente paixão que na
hora das adversidades murcha, morre e desaparece. O amor verdadeiro sempre
permanecerá. Independente das ofensas que sofremos
ou frustrações que sentimos o amor sempre falará mais
alto e será bálsamo para as nossas feridas.
Se de fato uma pessoa é nascida
de novo em Cristo Jesus, o amor de Deus em seu coração sempre
estará trazendo constrangimento, conduzindo a
mesma a cruz. No amor não existem razões próprias,
somente uma atitude de renúncia e total submissão à vontade
de Deus.
Os relacionamentos que temos com Deus e
nosso próximo certamente serão
melhores enquanto o amor de Deus prevalecer.
A religião é inimiga
do amor de Deus
O amor de Deus nos faz romper com a
religião e as mais diversas liturgias que
durante séculos em muitas épocas
sufocou o maravilhoso plano da redenção. Muitos foram impedidos de
experimentar a vida e o amor de Deus por causa da religião. Quando
Jesus se manifestou entre nós, não foi para competir com o
Diabo, Ele se manifestou para destruir as suas obras. "Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras
do diabo." 1Jo 3:8b
As obras do inimigo são várias, mas
a pior delas é a própria religião,
criando meios de “aproximar”
o homem de Deus. Todo esforço para
relacionar com Deus e o próximo fora de Jesus e seu princípio do
amor incondicional é falido. Foram os "sacerdotes" da época de Jesus os seus maiores
opositores. Foram eles, os doutores da lei, que corromperam Judas para trair a
Jesus. Foi o dinheiro deles que corromperam o traidor. A religião foi e
ainda é a maior oposição ao
cristianismo nos dias de hoje.
Devemos compreender que nenhum cristão pode
dizer que segue a Jesus por causa de uma determinada religião.
Algumas pessoas dizem que “o
importante e o homem ter uma religião”.
Importante para que? As religiões podem até ajudar o
homem a ter uma vida melhor e mais responsável, mas o amor verdadeiro só poderá ser
experimentado e compartilhado quando Jesus entrar e reinar na vida do homem.
Muitos cristãos
religiosos estão alimentando em seus corações, de
maneira sutil, sentimentos contrários ao amor de Deus. Se apresentam bem
vigilantes quanto a atuação de espíritos estranhos que querem os
levar e nos influenciar para a prostituição, drogas, soberba, etc. Porém
descuidam quando deixam pensamentos errados invadirem seus corações. O
amor que um dia foi derramado em nossos corações, pode se esvair dando lugar à competição,
indiferença, posições, gostos, crenças das
mais diversas. Muitas das doutrinas supostamente bíblicas
(religiosidade), na verdade são produtos de mentes insanas, e fazem
divisões separando cada vez mais aqueles que
deveriam viver em unidade amando a Deus e o próximo. Veja que é muito fácil
sermos um, manifestando o amor de Deus quando pensamos, falamos e convivemos
tendo Jesus como o centro das nossas vidas. Agora veja como é difícil sermos
um quando tiramos Jesus do centro. Se começarmos a considerar as denominações,
doutrinas, costumes, logo estaremos separados uns dos outros. Essa separação ou
divisão, sempre será objeto
de escândalo entre os que não
conhecem a Cristo. A maior estratégia de Evangelismo segundo nos
ensina Jesus é o amor uns pelos outros. Em João 13
34-35, o Senhor mesmo disse: "Novo
mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros. Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns aos outros." João
13:34-35.
Foi só isso que o Senhor nos pediu
neste novo mandamento, amai-vos uns aos outros. Não pode existir outra maneira de
se identificar uma igreja cristã a não ser pelo amor a Deus e ao próximo.
Esta Igreja não se divide, não prega a
desunião entre quem quer que seja e nem
explora ninguém. Infelizmente sabemos o quanto ela é assim
desconhecida, porque a maioria das pessoas que se diz cristã, esta
cega por outras doutrinas, não enxerga a igreja (2 Cor 4:4) (Isa 6:9
até 10). Esses religiosos são os
mesmos a quem Jesus, usando as palavras de Isaias, disse a respeito: "Bem profetizou Isaías a
respeito de vós, hipócritas,
como está escrito: Este povo honra-me
com os lábios, mas o seu coração está longe de
mim." Mc 7:6. Eles não têm o amor
de Deus como a base de seus relacionamentos. Todavia até mesmo os
que reconhecem a prática do amor como verdadeira religião, acham
difícil exercê-la. Porque para isso não basta
usar palavras; tem que haver atitudes, realizações de um amor incondicional: é necessário amar
até aos inimigos. E a forma de evangelizar
não é simplesmente apontando para o
exemplo de Cristo, mas principalmente o imitando fazendo tudo o que ele fez. O
princípio do cristianismo é:
"Amar a Deus sobre todas as coisas, e amar ao teu próximo como
a ti mesmo". Fora disso, qualquer adoração a Deus é vã (João 15:l2).
Deus, como Pai, sente-se feliz em ver a
união dos seus filhos, muito mais do que
pela simples adoração que se presta a Ele. Aliás, a
melhor forma de venerá-lo, é amando ao seu semelhante. O
verdadeiro cristão é, antes de tudo, um amigo, um
irmão, um ser generoso, sincero, humilde e
solidário, pronto a perdoar e a auxiliar ao
outro em qualquer circunstância. O amor ao seu semelhante está acima de
tudo, até mesmo da sua crença.
Afinal, seremos julgados não pela fé que professamos, mas pelo amor
que praticamos ou deixamos de praticar. Essa é a mensagem bíblica. No
grande Dia do Julgamento o Senhor não nos perguntará qual é a nossa
fé, a nossa crença. Não deverá nem
mesmo indagar se acreditávamos n'Ele. Os olhos divinos estarão sobre o
nosso coração, para provar se de fato nossa existência
seguiu a Jesus amando a Deus e ao próximo de maneira incondicional.
Para o nosso Deus, o homem simples, generoso e solidário, este
é o único digno da herança divina
(Mt 25:31-40; Gl 6:12).
Declarou Jesus em Mateus 7:21: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus."
Mateus 7:21. O
passaporte para entrar no Reino é fazer a vontade do Pai, e qual é essa
vontade? Setecentos anos antes de Jesus nascer o profeta Isaias nos deu um
vislumbre de como se deve fazer a vontade de Deus. "Porventura, não é também que
repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em
casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te
escondas do teu semelhante?" Isaías 58:7. Fica claro que a vontade de Deus é que
sejamos servos, solícitos uns para com os outros,
principalmente com os mais necessitados. Esse espírito de servo só se
manifestará depois que este homem for impreguinado
do amor de Deus.
No dia em que haveremos de dar contas
ao Senhor muitos também dirão: "...Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres? 23 Então, lhes direi explicitamente:
nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade." Mt
7:22-23. Parece-me que Jesus está dizendo:
"Vocês fizeram muitas coisas em meu nome,
mas em tudo o que vocês fizeram eu não vi o
amor em vocês". Aliás, como
pregou o apóstolo Paulo: "Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos
os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar
montes, se não tiver amor, nada serei."
1Co 13:2. Em outra passagem ele também, diz: "Levai as cargas uns dos outros e,
assim, cumprireis a lei de Cristo." Gl 6:2
É
angustiante ler que muitos são chamados mas poucos serão
escolhidos. Você já parou para pensar que de uma
totalidade, "muitos" é quase o todo? Mais angustiante ainda é seguir
esse mesmo raciocínio considerando o que Jesus disse em
Mateus 24:12: "E, por se multiplicar
a iniquidade, o amor de muitos se esfriará." Mt
24:12 (RC)
Quero ser achado pelo meu Senhor envolto
em um estilo de vida de amor a Ele e ao meu próximo. Não consigo
desvincular a vontade de Deus de ações praticas que me levam a amar
meu próximo. Também não
acredito ser possível agir de acordo com a vontade de
Deus sem amor. Por essa razão aos Romanos Paulo também
escreveu: "A ninguém fiqueis
devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem
ama o próximo tem cumprido a lei. 9 Pois
isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se
há qualquer outro mandamento, tudo nesta
palavra se resume: Amarás o teu próximo como
a ti mesmo. Rm 13:8-9
O apóstolo João também
observou: "Se alguém disser:
Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é
mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem
vê, não pode
amar a Deus, a quem não vê. Ora,
temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu
irmão." 1Jo 4:20-21. E o próprio Cristo declarou que se
conhecerá os seus seguidores por aqueles que se
amarem mutuamente (João 13:34). Até o
precursor de Jesus Cristo, João Batista já mostrava
que o único caminho para o Reino, era o amor.
Dizia ele ao povo: "Produzi, pois,
frutos dignos de arrependimento e não
comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque
eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. 9 E
também já está posto o
machado à raiz das árvores;
toda árvore, pois, que não produz
bom fruto é cortada e lançada ao
fogo. 10 Então, as multidões o
interrogavam, dizendo: Que havemos, pois, de fazer? Respondeu-lhes: Quem tiver
duas túnicas, reparta com quem não tem; e
quem tiver comida, faça o mesmo." Lucas 3:8-11
Repartir a túnica e
dar de comer aos necessitados só pode acontecer por uma atitude de
amor. Portanto, podemos parafrasear Tiago 1:27, dizendo que a religião cristã pura e
verdadeira é a que pratica e ensina o amor com o
seu próprio exemplo, e não
simplesmente apenas apontando para o exemplo de Cristo. Esse papo carnal de
alguns irmãos que dizem: "Olhe para Jesus, não olhe
para mim", é ilegítimo e luciferiano. As pessoas
só podem contemplar Jesus e o seu agir
através de homens. O amor de Deus só pode ser
manifesto através de homens. Essa é a
principal razão porque devemos ser generosos, solidários,
sabendo repartir com o outro, esses são os sacrifícios que
verdadeiramente agradam a Deus e manifestam o seu amor (Hb 13:16).
Deus é Amor. E seus filhos também devem
ser!
O amor
como um fator terapêutico
Está comprovado que as pessoas que
mais expressam amor são mais saudáveis física e
espiritualmente. Menos resfriados, melhor controle do estresse e pressão sanguínea mais
baixa são apenas alguns poucos benefícios para
aqueles que amam sem limites. Muitos doutores em medicina dizem que boa parte
das doenças psicossomáticas são
decorrentes de sentimentos negativos entulhados nos corações de
pessoas amarguradas. Sigmund Freud, médico e professor, que abriu as
portas para a era da psicoterapia, disse: "Você precisa
amar para não adoecer”. Outro médico
chamado McMillen, afirmou que “ao Jesus dizer que devemos perdoar até setenta
vezes sete, estava pensando não só em nossas almas, mas em salvar
nossos corpos da síndrome de colite, da doença das
coronárias, da hipertensão
arterial e de muitas outras enfermidades”.
A decisão de amar para os crentes,
antes de ser uma atitude espiritual é definitivamente racional e
inteligente. Pesquisas constataram que quando recebemos o afeto de uma pessoa
próxima, há uma liberação de
endorfina, substância capaz de relaxar a parede das
veias e artérias. Dessa forma, a pressão
arterial fica equilibrada, além de o sangue fluir com mais
facilidade. Estudiosos do comportamento humano,
psiquiatras e psicólogos têm chegado à conclusão, à luz de
experiências vivenciadas, que além de ser
uma necessidade básica, o amor é um dos
mais eficazes processos terapêuticos. O Dr James Colleman, no seu
livro "A Psicologia do Anormal e a Vida Contemporânea",
assim escreve: "É estranho notar que pouco se sabe a
respeito de um dos mais poderosos fatores terapêuticos - o Amor".
Amor e saúde estão entrelaçados de
maneira surpreendente. Os homens são feitos para conectarem-se uns
aos outros, e quando bons relacionamentos são cultivados (não apenas
no campo amoroso sentimental), as recompensas são imensas. Deixe-me frisar que
não estou me referindo a paixão de um
novo relacionamento emocional ou sentimental. Na verdade a respeito da paixão não existe
nenhuma evidência de que o intenso e apaixonado estágio de um
novo romance é benéfico a saúde.
"Pessoas que se apaixonam dizem que se sentem maravilhosas e agoniadas ao
mesmo tempo” diz Harry Reis, PhD, co-editor da
Enciclopédia dos Relacionamentos Humanos. Ou
seja, todo esse sobe e desce pode ser um ponto de partida do estresse. Já o amor
cultivado nos relacionamentos duradouros trazem segurança, calma
e estabilidade.
Existem muitas evidências de
que pessoas que estão em relacionamentos longos, satisfatórios e
principalmente saudáveis se dão melhor em toda variedade de
exames médicos. A maior parte das pesquisas
nessa área se concentra no relacionamento
conjugal, mas acredita-se que muitos desses benefícios se estendem a outras relações próximas,
como amigos ou parentes e principalmente nos relacionamentos entre cristãos. As
pessoas precisam se sentir conectadas com outras, como parte de um grupo, além de
respeitada e valorizada.
A seguir alistei alguns benefícios que
a prática do amor traz a saúde
segundo pesquisas com casais e que acredito ter resultados parecidos nas outras
áreas de relacionamento entre pessoas.
·
Menos
visitas médicas
·
Menos
depressão
·
Menos uso
de substâncias tóxicas
·
Pressão sanguínea mais
baixa
·
Menos
ansiedade
·
Controle
natural da dor
·
Melhor
controle do estresse
·
Menos
resfriados
·
Cicatrização mais rápida
·
Vida mais
longa
O contra ponto disso é que
quando não cultivamos o amor, alimentamos
ressentimentos que além de nos fazer inimigos do nosso próximo, nos
fará adoecer fisicamente. Pesquisas
recentes constataram que boa parte dos doentes com câncer,
também temalgum problema de amargura ou
rancor no coração.
Alimentar a íra adoece
e pode conduzir pessoas até mesmo a agressões e em
casos extremos até a prática de crimes contra o próximo. Certamente
o que não se divulga é, que geralmente,
o maior dano se observa na própria pessoa, que como já
mencionei se torna candidato a desenvolver patologias diversas. A mágoa,
rancor ou amargura são ingredientes de um veneno que nós mesmos
tomamos e esperamos que o outro morra.
O estado emocional de uma pessoa ressentida
pode ser considerado um gatilho prestes a disparar agressões de
maneira exagerada. Qualquer motivo insignificante pode ser uma fagulha que
detonará discussões e brigas sem fim. Pessoas são
transformadas nos momentos de íra. Uma mudança
profunda radical da fisionomia e expressões físicas, poderão ser
facilmente notadas em pessoas desprovidas de equilíbrio
emocional.
Na prática de exercícios para
o condicionamento físico, deve-se ter diligência e
disciplina para se ter um corpo saudável. Exercícios físicos
praticados com regularidade condicionarão nosso corpo e trarão mais vitalidade.
Da mesma forma, amar pode ser considerado um exercício e o
seu desenvolvimento deve ser progressivo. Quanto mais dispostos estivermos para
amar a Deus e os outros, mais seremos amados. O conhecido efeito bumerangue que
nada mais é do que a lei da semeadura e colheita
fará você colher amor enquanto
permanecer semeando amor.
Não se preocupe em reter amor,
pois quando o mesmo é compartilhado nunca será diminuído. Pódemos
dividí-lo infinitamente e ainda assim não
diminuir. O amor é o único
tesouro que se multiplica e cresce espantosamente por divisão. É o único dom
que aumenta enquanto você o reparte. Lembro-me de ter lido isso
em algum lugar: "Doe amor; jogue-o fora; esparrame-o; esvazie seus bolsos;
sacuda o cesto, vire o copo para baixo, e amanhã você terá mais do
que nunca." Isso é tremendo!!!
A semente do amor que está dentro
de nós pelo Espírito
Santo deve ser semeada nos nossos relacionamentos. Quando a semente germinar, a
plantinha precisará ser cultivada e nutrida para que não morra.
Com fé e perseverança
amaremos mais e melhor. Assim todos os nossos relacionamentos serão
transformados.
A base dos relacionamentos saudáveis deve
ser fortalecida por uma decisão racional de amar, custe o que custar.
Mesmo após termos decidido amar sem limites,
surgirão momentos de insatisfação
emocional, dúvidas e até mesmo um
sentimento de desistência. “Será que vale
a pena insistir em determinada pessoa?”, é o que alguns perguntam quando
se frustram nos relacionamentos. É a partir daí que
devemos decidir e escolher amar novamente. Mesmo que aparentemente o sentimento
tenha se esvaído, não devemos achar que não podemos
amar novamente. Essa é uma questão de
decisão, e é simples assim. O justo vive
pela fé e não por sentimentos. Quando
decidimos amar o sentimento acompanhará a nossa decisão.
Nosso alvo é ser como
Jesus, e para isso, devemos pedir a Deus que nos ensine a amar. Me lembro que
em uma manhã, enquanto fazia minha leitura bíblica, me
deparei com um texto que saltou das páginas direto para o meu coração. Em
Lucas 23 li que Jesus intercedeu pelos seus ofensores dizendo: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o
que fazem." Lucas 23:34a. Não
consegui entender a palavra "perdoa-lhes", achei que seria correto
Jesus orar dizendo: "Eu perdoo vocês". Afinal de contas,
Jesus estava sendo agredido e injustiçado, portando, ele deveria
perdoar. Mas depois de meditar sobre isso, entendi que quando Jesus ora dizendo
perdoa-lhes, ele estava nos dizendo que em seu coração não havia
lugar para a mágoa, tristeza e amargura. Devemos
guardar nossos corações de sentimentos errados. Quando o
amor enche o coração, não deixa nele lugar para mais
nada. Nem para o ódio, nem para o rancor, nem para o
orgulho. Esse é o modelo a ser seguido.
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