Os psicólogos estudaram e descobriram um fenômeno chamado acomodação. A
ideia é que toda vez que um novo objeto ou estímulo entra no nosso ambiente,
ficamos intensamente atentos a ele, mais a atenção enfraquece com o tempo.
Assim, por exemplo, quando usamos um relógio de pulso pela primeira vez,
percebemos o relógio o tempo todo, mas depois de algum tempo nem sequer notamos
que ele está ali.
Isso é acomodação. O pastor John Ortberg disse que “A acomodação
espiritual é em alguns casos pior do que a depravação espiritual”. Isso procede
de fato porque a acomodação espiritual gera aparência apenas.
Uma dos maiores desafios da vida é lutar contra o que pode ser chamado
de aparência espiritual.
“12 No
dia seguinte, quando estavam saindo de Betânia, Jesus teve fome. 13 Vendo à distância uma
figueira com folhas, foi ver se encontraria nela algum fruto. Aproximando-se
dela, nada encontrou, a não ser folhas, porque não era tempo de figos . 14 Então
lhe disse: ‘Ninguém mais coma de seu fruto’. E os seus discípulos
ouviram-no dizer isso.” Mc 11:12-14
Existem
somente três registros nos Evangelhos que apresentam Jesus com fome.
O primeiro foi depois dos 40 dias de jejum e oração no deserto, “Depois de jejuar
por quarenta dias e quarenta noites, teve fome.” Mt 4:1. O
segundo, quando ele disse aos discípulos: “uma comida
tenho para comer que vós não conheceis.” Jo 4:32,
e o terceiro quando voltava de Betânia para Jerusalém. “No dia seguinte, quando
eles estavam saindo de Betânia, Jesus teve fome.” Mc 11:12
Na primeira vez que Jesus teve fome, Ele foi servido pelos anjos (Mt
4:11). Na segunda a vontade do Pai o alimentou, pois ele mesmo disse “A
minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra”, Jo 4:34, podemos imaginar que
banquete foi aquele. Mas aqui em Betânia, Jesus queria um lanche rápido, algo
do tipo Drive thru, um breakfast, só pra forrar o estômago.
Daí,
como providência divina, no seu caminho estava aquela bela figueira, e a Bíblia
diz no relato de Mateus, que ela estava “à beira do
caminho”.
Tente
imaginar que combinação extraordinária. O Mestre do
Universo, o Criador de todos os seres vivos, o divino Agricultor com fome,
e no caminho d’Ele, uma figueira, cheia de folhas verdinhas,
promissora, bem à mão, como que dizendo: “Chegue mais perto, faça o seu
pedido, pegue o que precisa, mate a sua fome.”
De
repente, o inesperado acontece. Jesus se aproxima da figueira,
olha de um lado, olha de outro, bate num galho aqui, noutro acolá e ai... Nada!
Nada acontece, Ele não acha nada, nenhum fruto.
Jesus reage com justa e legítima indignação, e
ali mesmo pronuncia o seu julgamento: “Que
nunca mais ninguém coma de seu fruto!”. O mesmo relato em Mateus diz que “imediatamente
a figueira secou”. Mas há um detalhe importante, o evangelista Marcos disse que: “não era tempo de figos”.
Será
que Jesus se enganou? Certamente Ele não se enganou! Ora, então por que Jesus
foi tão radical com aquela pobre figueira? Por que procurar figos fora de
época? Será então que ele não gostava de figueiras? Também não era isso.
O
problema dessa figueira não era o de não ter figos, mas dar a aparência de
tê-los.
Ela atraía pessoas com uma imagem bonita, folhas verdes,
parecia uma árvore saudável, mas o que era uma promessa acabou numa frustração. Todos
os nutrientes extraídos da terra, deveriam terminar em frutos, mas aquela
figueira se alimentava para manter sua beleza exterior, porque aquela figueira
só tinha aparência e era uma figueira sem frutos Jesus a amaldiçoou.
Durante
muito tempo a mídia veiculou um comercial que procurava nos convencer dizendo:
“Cara de remédio, cheiro de remédio, embalagem de remédio, mas não era
remédio.” Era um shampoo. “Parece, mas não é”. Esta frase ganhou vida própria e
a população incorporou a expressão como forma de dizer que nem sempre o que se
vê corresponde à realidade. As aparências enganam.
Infelizmente
a cultura da aparência tomou conta das pessoas, e principalmente no nosso meio
cristão evangélico. Vivemos numa sociedade que alimenta e idolatra a cultura da
aparência, onde a imagem é tudo. Este é o nosso mundo, o MUNDO DA IMAGEM, O
MUNDO DAS APARÊNCIAS. O importante é parecer ser. Muitas vezes olhamos para
alguém que comprou um carro zero e logo pensamos: “O fulano tá podendo”.
Entretanto, muitas vezes se formos analisar o caso mais de perto, chegaremos a
conclusão de que ele tem um carro zero e atrás de tudo isso uma dívida imensa,
e ele está fazendo uma força enorme para poder pagar. Mas, o que vale é a
aparência, a imagem.
Saiba
meu amado irmão, ter aparência e não ter um comportamento santo, não
ter frutos, diante de Deus é pecado!
Paulo não viveu de aparência, ele foi uma
árvore frutífera!
Veja
que o apóstolo Paulo, preocupou-se em ser uma árvore frutífera quando disse:
“Antes, subjugo o
meu corpo e o reduzo à servidão (renúncia Mt 16:24 e serviço), para que,
pregando aos outros, eu mesmo não venha, de alguma maneira, a ficar reprovado
(não ter fruto).” 1Co 9:27
Nós fomos chamados para prestar um serviço! Servir à mesa!
1 Coríntios 4:1-2 (Almeida Revista e Atualizada with Strong's Numbers)
Os pregadores responsáveis a Deus
1 Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.
2 Ora, além disso, o que se requer
dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel. 1Co 4:1-2
Como um despenseiro devemos oferecer comida do céu para as pessoas
sedentas e esfomeadas por Deus.
Jesus se manifestou no nosso meio produzindo muitos frutos
Estamos querendo nos parecer com o Senhor, queremos ser segundo a imagem
e semelhança de Deus, mas nos esquecemos que nosso comportamento fala
mais de quem somos do que as palavras que saem da nossa boca.
Lembre-se de que Jesus é o verbo que se fez carne, Ele era e é a
palavra, mas se manifestou de maneira prática entre nós.
“No princípio
era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” João 1:1
Jesus é a Palavra, mas se fez carne e habitou entre nós! Se manifestou
não ficando somente na palavra.
“E o Verbo se
fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua
glória, glória como do unigênito do Pai.” João 1:14
Jesus foi o grão de trigo lançado na terra que depois de morrer produziu
e produz muito fruto. Gerou muitos filhos para Deus. Precisamos nos seus
passos, no seu encalço, também produzir muitos frutos.
Em
outra de suas cartas, Paulo fala de não somente pregar um evangelho verbal, mas
de produzir frutos.
“Porque o nosso
evangelho não foi a vós somente em palavras, mas, também, em poder (Dunamis), e
no Espírito Santo (Fogo), e em muita certeza (fé, convicção), como bem sabeis
quais fomos entre vós, por amor de vós.” 1Ts 1:5
Paulo
tinha o “dunamis” que significa poder explosivo e gerador. O
apóstolo usou este poder para gerar muitos filhos para Deus, legitimando seu
ministério pelos muitos frutos que produziu.
Voltando ao texto de Marcos 11:12-14 - Uma
curiosidade sobre a figueira
Uma
curiosidade sobre a figueira nos permite entender porque tal árvore foi
utilizada por Jesus como exemplo do que o pecado provocou em Israel e pode
provocar no crente.
1. Ela produz o seu fruto antes das folhas, ao
contrário das demais árvores. Ela simbolizava, assim, a necessidade de uma espiritualidade
verdadeira (os frutos), antes de uma religiosidade aparente (as folhas).
2. Veja que a folha
de figueira aparece pela primeira vez na Bíblia como uma maneira de esconder o
pecado, ou de encobertar uma realidade, produzindo apenas uma aparência de
concerto. (Gênesis 3). A figueira coberta de folhas aponta para o homem
escondido, coberto de aparência apenas.
Na
carta de Judas, há várias figuras que ilustram esse comportamento.
Ali, o Apóstolo fala de rochas submersas, nuvens sem água, árvores
secas, Ondas de espuma, estrelas errantes, movimentos produzindo
apenas aparência, sem nenhum fruto, etc.
“São nuvens sem
água, impelidas pelo vento; árvores de outono, sem frutos, duas vezes mortas,
arrancadas pela raiz. 13 São
ondas bravias do mar, espumando seus próprios atos vergonhosos; estrelas
errantes, para as quais estão reservadas para sempre as mais densas trevas.” Jd 12b-13 (NVI)
Por
isso Jesus proferiu a sentença: “Ninguém mais coma de seu fruto.”
É triste saber que
algumas pessoas não fazem diferença alguma na vida de outras pessoas.
A figueira enganou Jesus?
Como já disse, a Ele não. Jesus sabe todas as coisas. Mas havia um princípio que
Jesus queria ensinar aos seus discípulos.
O princípio é
esse:
Você não precisa ser o
que não é; não precisa dar o que não tem, mas também não pode mostrar a outros
o que você não é, não pode prometer o que não pode cumprir.
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