20090105

21 dias de Jejum pela Unidade e Multiplicação

capítulo 2

A importância da comunhão

Por que não podemos ser cristãos sozinhos? Por que não podemos servir a Deus trancados em nossos quartos? Por que precisamos da companhia de outros?
Há algum tempo um amigo me enviou fotos de bebês gêmeos que haviam nascido prematuramente e me contou uma bela história. As enfermeiras achavam que não sobreviveriam. A maiorzinha talvez ainda tivesse uma pequena chance, mas a menor nenhuma. Assim, na noite em que imaginaram que a menor fosse morrer, uma das enfermeiras a colocou na incubadora com a irmã. Quase imediatamente, quando a maior delas sentiu a proximidade da menor, estendeu o braço, circundando-a. Deitada na cama, ela ficou com o bracinho bem apertado ao redor da pequenina a noite inteira. Havia tubos em seus braços e narinas, mas estavam juntinhas ali. E isso foi tudo o que realmente fez a diferença. As enfermeiras disseram que, a partir daquele momento, a pequena criança se desenvolveu. No dia seguinte, quando foram vê-las, ficaram admiradas ao ver quão alerta e responsiva a menorzinha se tornara. Desde então, ela cresceu e ganhou peso. Ambas viveram e se desenvolveram.
Um grande abraço e a proximidade íntima fizeram toda a diferença. Um irmão certa vez me disse que precisamos de pelo menos quatro abraços por dia para sobreviver, oito abraços como manutenção e doze abraços para crescimento. Já deu alguns abraços hoje?

A igreja é como aquela incubadora. Se ganharmos um abraço forte, a maioria de nós sobreviverá. A comunhão certamente é a parte mais embaraçosa da vida da igreja para algumas pessoas. Por isso, os relacionamentos são, sim, a parte mais difícil. Precisamos lidar com todo tipo de gente. Há aqueles silenciosos e aqueles que falam demais. Há os prolixos, que nos exasperam, mas há também os lacônicos, que nos angustiam. Há os inconvenientes, que fazem comentários inadequados sobre nós. Diante dessas dificuldades, alguns concluem que é mais fácil servir a Deus sozinho e que, na verdade, a companhia desses irmãos os torna mais carnais e os leva a pecar.

Essa foi a conclusão equivocada dos cristãos no início da idade média, eles resolveram se fechar em monastérios tentando escapar das tentações do mundo e procurando servir a Deus no isolamento. Alguns se trancavam em clausuras por toda a vida para estarem com Deus. Lembro-me também de alguns pregadores que, algum tempo atrás, não aceitavam conversar com ninguém nem tinham comunhão alguma com os irmãos para que nada bloqueasse a sua unção. Mas é um equívoco claro. Não é a comunhão que nos faz pecar, a comunhão apenas revela a nossa realidade espiritual.
Essa idéia de abandonar a comunhão é antiga. O livro de Hebreus já exortava os crentes a não deixarem de congregar:

“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” Hb 10:25

É verdade que Jesus disse para nos fecharmos no quarto para orar, mas depois ele espera que saiamos dali para viver a vida cristã junto com os irmãos. É por meio de relacionamentos que desenvolvemos a nossa personalidade e nos tornamos adultos. Do mesmo modo, é na comunhão que desenvolvemos nossa vida espiritual. Aqueles que evitam o relacionamento estão fugindo dos tratamentos de Deus. As tábuas do tabernáculo eram ajustadas lixando-as uma nas outras. Hoje, nós somos essas tábuas no edifício de Deus e somos ajustados também sendo lixados uns pelos outros. Esse atrito, que nos soa tão antiespiritual, é na verdade um caminho de crescimento.
Os mandamentos do Novo Testamento estão em sua maioria relacionados com a mutualidade. Podemos dizer, sem medo de errar, que não podemos servir a Deus apropriadamente sem a comunhão dos irmãos. Na verdade, quando estamos distantes dos irmãos é porque estamos longe de Deus também.

Imagine um círculo. Agora pense que Deus está no meio desse círculo e nós, na periferia, na beirada. Pode ser que eu esteja de um lado do círculo e você do outro, mas, à medida que nos aproximamos de Deus, que está no centro, surpreendentemente, nos aproximamos um do outro. Alguns dizem que estão perto de Deus, mas contraditoriamente estão longe da igreja. Quanto mais perto de Deus estamos, mais sensíveis e abertos nos tornamos aos irmãos. Inversamente, quanto mais no pecado, mais distantes nos tornamos, mais nos escondemos entre as árvores do jardim. A minha intimidade com Deus é revelada na minha comunhão com os irmãos.
Por que a comunhão é tão importante?

Não importam a sua teologia correta, os seus dons extraordinários ou sua visão ampla e estratégica: se você é individualista e não tem comunhão com a igreja, está fora da vontade de Deus. Sem comunhão, você é um tijolo fora da construção, um membro fora do corpo, um soldado perdido no campo de batalha, ou seja, você é uma incoerência, uma contradição, uma vida sem propósito. Uma brasa fora do braseiro é só uma alma agonizante, vai fumegar até se apagar.
Em Atos, lemos que os irmãos “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2:42). Perseverar é “continuar fazendo”, mesmo com todas as dificuldades e resistências. A comunhão é algo a respeito do qual precisamos perseverar. Alguns crentes não perseveram nem em ir aos cultos aos domingos. Que tipo de crente é esse que não consegue nem ser domingueiro? A desculpa de alguns é que a vida cristã deles é maior que o culto de domingo, mas eu prefiro dizer que a vida cristã deles não é nem do tamanho do domingo. Outros dizem que não são crentes para ficarem sentados em banco de igreja, mas na verdade são crentes sentados no sofá diante da televisão. Atos diz que os primeiros cristãos “diariamente perseveravam unânimes no templo” (At 2:46). Eles se reuniam diariamente. Esse é um dos padrões da espiritualidade: quanto menos culto, menos realidade espiritual.

Além de tudo isso que temos compartilhado, gostaria de enumerar algumas razões fundamentais para vivermos na comunhão dos santos.

1. Você é parte da família de Deus
A Bíblia ensina que somos da família de Deus:
“Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” Gl 6:10
“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus.” Ef 2:19
O que une você a seus irmãos naturais é muito mais que viver debaixo do mesmo teto. Vocês são irmãos porque levam a mesma carga genética de sua família. O mesmo se aplica à igreja. Somos uma família, não só porque cultuamos a Deus no mesmo local, mas porque compartilhamos a mesma vida que vem de Cristo, temos a mesma carga genética espiritual: somos filhos de Deus. O que é mais precioso é que, quando encontramos a outros com essa mesma natureza espiritual, imediatamente nos identificamos com eles.
Isso também nos fala de um mesmo tipo de vida. Um cão não pode ter comunhão com um gato, nem um rato com um elefante. Eles não possuem a mesma natureza. Porque você agora é luz, não pode mais ter comunhão com as trevas. Você não consegue mais manter um relacionamento estreito, de compartilhamento profundo, com aquele que não possui a vida de Deus dentro de si. Para esse tipo de convivência, você precisa da sua família espiritual.
Alguns novos convertidos sempre me perguntam se é pecado sentar-se à mesa de um bar com amigos. Eu sempre digo que não é uma questão de pecado, mas de natureza. Como eu posso me sentar com alguém que não fala a minha língua, não come a minha comida, não entende as minhas coisas e nem tem a minha natureza?

2. Ninguém cresce sozinho
Assim como uma criança aprende com seus pais e irmãos mais velhos, você também precisa de irmãos e pais espirituais para crescer em Deus. Negligenciar isso só trará prejuízos a você. Há igrejas onde as pessoas apenas vão fazer campanhas e buscar uma bênção. Não é errado, mas isso não é ser Igreja. Além do mais, apenas tais ações não o levarão a crescer. Há ocasiões em que você precisa ser exortado, corrigido, motivado ou encorajado, algumas vezes carregado e, provavelmente, muitas vezes, perdoado.
Para crescer, você precisa ter compromisso e relacionamento com Deus e a única forma de tê-los é através do Seu corpo, a Igreja.

3. A comunhão é proteção espiritual
Não é difícil imaginar o que acontece com uma brasa sozinha, fora do braseiro. Você percebe que, cada vez que nos reunimos, estamos nos aquecendo mutuamente? Só de encontrar um irmão e ganhar um abraço, o seu espírito já é aquecido. Quando ouvimos a Palavra, o nosso coração se enche de fé e, só de estar presente num culto, somos guardados de setas malignas. Também nem é preciso discutir a inutilidade de um soldado que vai sozinho à guerra. Nenhum soldado vai à guerra sozinho. No campo de batalha, quem guardaria nossa retaguarda? Na guerra, nós nos protegemos mutuamente e lutamos uns pelos outros. A comunhão da Igreja é segurança espiritual para você. Por meio dela, seu fogo é mantido e suas batalhas são vencidas. Aprendemos em Eclesiastes que o cordão de três dobras não se rompe facilmente.
“Melhor é serem dois do que um [...]. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só, como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade.” Ec 4:9-12

4. A comunhão traz a presença de Deus
A unção que se manifesta na comunhão é maior do que a unção individual. Se eu junto a minha unção com a sua unção, já temos uma unção maior. Então imagine o que acontece quando uma multidão resolve ministrar a Deus. A unção é poderosa ali. Evidentemente, Deus nos ouve em nosso quarto e podemos experimentar Sua unção sozinhos em oração, mas a unção na congregação é maior. Por isso, o Senhor disse que “onde houver dois ou três reunidos no nome dele, ali ele estará no meio deles” (Mt 18:20). De certa forma, estar fora da comunhão é o mesmo que estar distante da presença do Senhor.
Normalmente, as pessoas se expressam por meio do próprio corpo. Porém, se, de alguma forma, nosso corpo está inválido, então não temos como nos expressar e fazer o que queremos. O mesmo princípio se aplica a Cristo e à Igreja. A Igreja é o corpo de Cristo e é por meio dela que Ele se expressa.

5. O poder é liberado na comunhão
Jesus disse que “se dois dentre nós, sobre a Terra, concordarmos a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirmos, ser-nos-á concedida pelo nosso Pai, que está nos Céus.” Mt 18:19
Certas orações só serão atendidas se orarmos juntos, em concordância, em comunhão. Há muita coisa que você poderá fazer sozinho, mas as maiores e as mais importantes sempre deverão ser feitas em equipe, seja na célula ou na igreja. Ninguém nunca fez nada relevante sozinho. Todas as grandes conquistas, todas as grandes obras, foram resultado de trabalho em equipe.
Jesus disse que é preciso haver concordância. Você precisa estar nas reuniões da igreja para concordar a respeito do mover de Deus, da obra de Deus. Se, com a concordância de dois, acontece; imagine milhares concordando a cada semana. Certamente, o Senhor liberará Sua palavra de vitória.

6. A comunhão manifesta o amor de Deus
Uma das orações mais fantásticas da história está em João 17. Ali, Jesus pede ao Pai algo simplesmente espantoso: “que os irmãos na igreja sejam um, assim como Ele e o Pai são um”. Você consegue imaginar isso? Jesus é um só Deus junto com o Pai. Mas o mais extraordinário é o motivo pelo qual fez essa oração. Ele disse:
“E como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” Jo 17:21;23
O mundo somente crerá em Jesus se vivermos uma vida de co­mu­nhão e unidade. A comunhão ganha mais gente para o reino de Deus do que o evangelismo. Na verdade, Jesus disse que só nos reconheceriam como Seus discípulos se amássemos uns aos outros (Jo 13:35). A comunhão é o meio pelo qual expressamos esse amor ao mundo.
A experiência tem mostrado que as células mais frutíferas são as mais festivas. Quando os irmãos gostam de estar juntos, naturalmente as pessoas são atraídas e a célula se multiplica. Quando as pessoas de fora perceberem o carinho que temos uns pelos outros, o cuidado mútuo, a comunhão genuína, o prazer que temos em estar juntos e o amor verdadeiro entre nós, elas serão fortemente tocadas pelo poder de Deus. Alguns dirão: “Esses crentes são estranhos, mas eles se amam de verdade” ou “Esses crentes são barulhentos, mas eles gostam mesmo da gente”.
Normalmente, as pessoas se convertem primeiro a nós e só depois a Jesus. Primeiro elas desejam a nossa comunhão e só depois aprendem a ter comunhão com Deus. Isso acontece porque é na comunhão amorosa dos irmãos que o mundo conhece a Jesus.
A sua célula é apenas um culto na casa ou a sua célula existe nos outros dias da semana? Precisamos lembrar que fazemos células e não cultos nas casas. Célula é vida de comunhão; culto nas casas é só uma reunião.

7. Somos membros uns dos outros
A ordem de Deus para nós é que sirvamos uns aos outros.
“Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” 1Pe 4:10
A Igreja é o sonho que estava oculto no coração de Deus desde a eternidade. Você tem o privilégio de ser parte desse sonho de Deus. A palavra “comunhão”, koinnonia no original grego, literalmente significa “vida compartilhada”. Ninguém possui a plenitude de Cristo dentro de si. Mas, quando temos comunhão, é como se as diversas partes se ajuntassem e formassem um todo. Então a plenitude do Senhor se manifesta.
Uma casa dividida não pode prevalecer. A marca da igreja cristã é a comunhão. Sem amor uns pelos outros, não podemos ser conhecidos como discípulos de Cristo. Somos um corpo, um rebanho, uma família, ramos da mesma videira, pedras do mesmo santuário. A falta de comunhão é sinal de carnalidade e infantilidade.
Como ter comunhão em uma igreja tão grande?
Comunhão é muito mais que ir ao culto e sentar-se ao lado de um irmão cujo nome, provavelmente, você nem sabe. Há uma comunhão espiritual que une todos os crentes de todas as épocas. Isso é real e muito bom, mas nós também precisamos de uma comunhão viva que envolva comunicação.

Todos necessitamos conhecer e ser conhecidos, compartilhar nossa vida e nos sentir parte de uma comunidade. Por isso, o tamanho da igreja pode assustá-lo a princípio. Mas não se preocupe. Quando nos reunimos em células, também podemos ser uma igreja bem pequena.
Nas celebrações de domingo, você tem comunhão com toda a igreja, no espírito. Mas, durante a semana, na reunião da célula, você desfruta da vida da igreja, da comunhão dos irmãos de forma bem prática e íntima.

1. Dois tipos de reuniões
Na Videira, temos dois tipos de reunião: a celebração, aos domingos, e a célula, durante a semana. Na reunião de celebração, aprendemos a Palavra e ministramos a Deus como Corpo. Na célula, servimos uns aos outros, conhecemos e somos conhecidos uns pelos outros.

2. O que é uma célula?
A célula é um local de vida. São ramos da Videira espalhados por toda a cidade. É o nosso jeito de ser Igreja. De maneira prática, a célula é um grupo de cinco a quinze pessoas que se reúnem semanalmente para aprender como ser uma família, adorar ao Senhor, edificar a vida espiritual uns dos outros, orar uns pelos outros e levar pessoas a Cristo.
Normalmente, cada célula possui, no mínimo, cinco pessoas e não deveria ultrapassar o limite de quinze membros. Quando chega a esse limite, deve se multiplicar, ou seja, transformar-se em duas novas células. Você, certamente, já está participando de uma célula, a qual brevemente se multiplicará e, então, você poderá ver esse processo maravilhoso acontecendo bem perto de você.

3. Os objetivos de uma célula
De forma geral, a finalidade da célula é ser igreja de maneira prática, ministrando uns aos outros. Resumimos seus objetivos em quatro pontos:
Comunhão — através do desenvolvimento de uma vida compartilhada, alvos comuns e aliança mútua entre todos os membros.
Ensino — proporcionando um ambiente favorável para o crescimento espiritual, aprendizado prático e disciplina em amor.
Multiplicação — é quando alimentamos, guardamos e suprimos os novos irmãos e também treinamos novos líderes.
Serviço — na célula, cada membro é um ministro que exercita seus dons para o serviço mútuo.
Atos 2:42-47 constitui um retrato daquilo que estamos buscando nas células:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos...”
“... e na comunhão, no partir do pão...”
“... e nas orações...”
“... todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum...”
“... distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.”
“... perseveravam unânimes no templo...”
“... partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração...”
“... enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”
As células são a nossa expressão como Igreja. Não nos preocupamos em realizar atividades diferentes ou ter programações variadas. O que fazemos é nos concentrar em um único objetivo: edificar células fortes que se multipliquem a cada ano.
É nas células que nossa igreja acontece. Ensino, cuidado mútuo, compartilhamento, amor, encorajamento, dons, serviço, tudo é feito nelas e através delas. Afinal, nós somos uma igreja em células.

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