Atos, uma história inacabada.
Parte 6
O derramamento do Espírito
Santo. At 2:1 a 13
“1
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; 2 de repente, veio do céu um som,
como de um vento impetuoso, e
encheu toda a casa onde estavam assentados. 3 E apareceram, distribuídas entre
eles, línguas, como de fogo,
e pousou uma sobre cada um deles. 4 Todos
ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia
que falassem. 5 Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos,
vindos de todas as nações debaixo do céu. 6 Quando, pois, se fez ouvir aquela
voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os
ouvia falar na sua própria língua. 7 Estavam, pois, atônitos e se admiravam,
dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando?
8 E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? 9 Somos
partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judeia, Capadócia, Ponto
e Ásia, 10 da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas
imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, 11 tanto judeus como
prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas
as grandezas de Deus? 12 Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos
outros: Que quer isto dizer? 13 Outros,
porém, zombando, diziam: Estão embriagados!” At 2:1-13
Introdução
O tema do livro de Atos é a expansão do corpo de Cristo pelo
Espírito por meio do testemunho dos discípulos. A expansão do corpo de Cristo é
a expansão do próprio Cristo através da Igreja. Se a igreja é o corpo de
Cristo, a expansão da Igreja é a expansão de Cristo. Assim, podemos dizer
seguramente que Deus está crescendo! Tal expansão, todavia, deve acontecer por
meio da unção do Espírito na vida dos discípulos. Daí o Senhor dizer para que
os discípulos esperassem até que fossem revestidos do poder do alto. O
revestimento de poder aconteceu por meio do derramamento do Espírito, no
batismo no Espírito Santo sobre um grupo de pessoas sedentas pelo cumprimento
de uma promessa.
Após a salvação, todo crente precisa entender que a mensagem
Bíblica não é uma individualista, mas coletiva. Sempre que um mover é
estabelecido, é para a edificação de um povo, de um corpo. Por essa razão, nós
sempre estamos enfatizando o valor da igreja. Os ensinamentos de Atos e demais
epístolas paulinas, visam um fim proveitoso para a igreja. Em todos os
capítulos de Atos vemos uma igreja dinâmica e apaixonada por Jesus e seu reino.
No
dia de Pentecostes - v. 1
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes,
estavam todos reunidos no mesmo lugar...”. At 2:1
O dia de Pentecostes era o quinquagésimo dia depois da
ressurreição do Senhor. A palavra Pentecostes significa quinquagésimo. O
Senhor foi crucificado na Páscoa (Jo 19:14). O Pentecostes era o quinquagésimo
dia contado a partir do dia seguinte ao sábado da Páscoa (Lc 23:54 a 24:1).
Levítico 23:15-16 diz que os 50 dias do Pentecostes deveriam ser
contados a partir do dia seguinte ao sábado da Páscoa. “Contareis para vós
outros desde o dia imediato ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da
oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia imediato ao sétimo
sábado, contareis cinqüenta dias; então, trareis nova oferta de manjares ao
SENHOR.” Lv. 23:15-16
O Pentecostes era ainda chamado festa das semanas (Dt 16:10), por
que acontecia sete semanas depois da Páscoa e festa da colheita (Ex 23:16).
Jesus morreu numa sexta-feira às três horas da tarde e na própria sexta-feira
foi sepultado. Segundo a forma dos judeus contarem os dias, a sexta foi o
primeiro dia de sua morte, o sábado foi o segundo e o domingo, quando ele
ressuscitou, foi o terceiro.
Sendo assim tanto a ressurreição quanto o Pentecostes aconteceram
no domingo. O domingo deve ser um dia santo, tanto quanto foi para os primeiros
cristãos.
O dia do Senhor
Todos sabemos que devemos separar um dia na semana para o Senhor.
Este princípio foi estabelecido em Gênesis (Gn 2:2). Agora veja que o descanso
de Deus não foi porque Ele estava cansado, pois Ele nunca se cansa. o descanso
de Deus foi contemplativo. A melhor tradução seria dizer que no sétimo dia o
Senhor contemplou toda a obra que fizera. Devemos então, separar um dia na
semana para interrompermos nossas atividades comuns, a fim de santificarmos e
consagrarmos nosso relacionamento com Deus. Observar o dia do Senhor é uma
expressão de amor e gratidão por tudo o que Ele tem feito. É uma oportunidade
para estreitarmos nossa comunhão com ele e nos deleitarmos nele. Este é o dia
propício para nos alegrar em Deus mais do que nas suas bênçãos, porque o Senhor
é melhor do que suas dádivas.
O sábado judaico era o dia do Senhor na velha aliança e
rigorosamente seguido por Israel. Mas na nova aliança, o sábado foi substituído pelo domingo, o dia
do Senhor. O sábado marca o fim da obra da criação e o domingo o fim da obra da
morte. Deus designou um dia inteiro em cada sete (Is 56:2-7), que era o sábado
desde o princípio do mundo (Gn 2:3) até a ressurreição de Cristo e o domingo
desde então, e será assim até Jesus voltar.
“2 Abençoarei o
homem que tomar uma decisão firme de não trabalhar nos meus Dias de Descanso, e de não fazer o mal. 3 Essa promessa
não é só para os judeus; é para as pessoas de outras nações que Me obedecem e
vivem entre eles. É para os que perderam a capacidade de ter filhos também.
Eles não serão separados do meu povo! 4 O Senhor promete a esses homens que não
podem ter filhos: Se vocês guardarem
os meus Dias de Descanso, fizerem a minha vontade, e obedecerem a minha
Lei, 5 Eu lhes darei na minha casa, dentro dos meus muros, uma honra muito
maior do que ter muitos filhos e filhas. Eu darei a vocês um nome eterno, que
nunca vai ser esquecido! 6 Quanto a essas pessoas de outros povos, que se
juntaram aos judeus, que amam ao Senhor e O servem, observando Dias de Descanso e obedecendo à Lei de Deus, 7 Eu
mesmo as levarei ao meu santo monte e lhes darei grande alegria, na minha Casa
de Oração. Aceitarei os seus sacrifícios e as suas ofertas queimadas, porque a
minha casa será chamada Casa de Oração para Todos os Povos”. Is 56:1-7 (Bíblia
VIVA)
A igreja cristã, ao longo dos séculos tem separado o domingo para
o Senhor, para dedicar-se e consagrar-se a Deus e à sua obra, mas esse valor
tem se esvaído para muitos cristãos. Hoje a conveniência de alguns é tanta que
o primeiro dia da semana, que deveria ser separado ao Senhor e sua igreja como
uma oferta de primícia, tornou-se o dia do descanso e entretenimento. Passeios
e distrações são tidos como um meio de desestressar e aliviar a tensão
provocada pelo acumulo de tarefas durante a semana. Todavia, os efeitos desse
estilo de vida são pessoas frias e apáticas em nossos cultos, gente indisposta
e alheia ao mover de Deus.
Os
apóstolos estabeleceram o domingo como um novo começo. O domingo é o primeiro dia após o sétimo que é o sábado, mas
também é o oitavo que representa o infinito na matemática e as 8 alianças que
Deus fez com o homem. Até 2 séculos após a ressurreição de Cristo, a igreja se
reunia no domingo pela manhã no nascer do sol. O culto acontecia por volta das
5:30h da manhã. Só no Brasil o culto mais
importante é o da tarde ou noite. Eles celebravam a ressurreição e também a
vinda do Espírito Santo na hora terceira. V.15
Não podemos desprezar a oportunidade de consagrar o domingo ao
Senhor. Acredito que devemos celebrar adorando a Deus no domingo com uma
atitude de gratidão, e isso deve começar logo pela manhã. Mas quantos querem
pagar esse preço renunciando a si mesmos, seus prazeres e vontades?
Poucos com certeza! Conheço muitos irmãos que fazem do domingo, o
dia do descanso, do entretenimento, do lazer, da diversão, menos do Senhor. O
domingo deve ser uma oferta de primícia ao Senhor. Por 16 vezes no velho
testamento Deus diz que o primeiro é dele. Paulo na carta aos Romanos orienta
quanto a este princípio. “E, se forem
santas as primícias da
massa, igualmente o será a sua totalidade; se for santa a raiz, também os ramos o serão.” Rm 11:16
Não quero ser chamado de “adventista do primeiro dia”, mas
reconheço que se consagrarmos o primeiro dia ao Senhor, os demais dias da
semana serão abençoados (Mt 6:33). Quando colocamos o Senhor na posição de
honra, Ele nos coloca também no lugar onde devemos estar, no lugar da bênção.
Se você não sente falta de reunir com a igreja do Senhor no domingo, alguma
coisa está errada. Eu não me lembro quando foi a última vez que me ausentei de
um culto no domingo, e já foram mais de 900 desde que me converti.
Você deve estar se perguntando: O que o Novo Testamento fala sobre
o domingo? Bem, vamos lá:
·
Jesus morreu numa
sexta e ressuscitou no domingo. (Jo 19 e 20)
·
Se ausentou por
alguns dias e só no domingo seguinte, reapareceu aos discípulos. (Jo
20:26)
·
Em 1Co 15:20-23,
Paulo chama Cristo de primícia, e essa primícia foi entregue no domingo.
·
O dia do pentecostes
(cinquenta), que comemorava a segunda etapa da festa das primícias aconteceu em
um domingo. (At 2:1-4)
·
Atos 20:7 nos diz que
Paulo ceou com irmãos no domingo.
·
Num domingo, a igreja
cristã se reunia para ofertar e adorar (1Co 16:1-2) e celebrar a ceia (At 20:7).
·
Vemos no velho
testamento que o domingo também era o dia escolhido para entregar as primícias.
(Lv 23:9-14)
·
Num domingo Jesus
apareceu a João na Ilha de Patmos para trazer-lhe a revelação do Apocalipse.
(Ap 1:10)
Tenho saudades dos tempos em que eu e minha esposa recebemos a
Cristo como Salvador de nossas almas. Congregávamos em uma denominação onde
logo às 9h da manhã do domingo, estudávamos a palavra de Deus na EBD (Escola
Bíblica Dominical). No término da EBD, saíamos para evangelizar e visitar os
irmãos que estavam distantes da igreja local. Almoçávamos e logo em seguida,
voltávamos para os ensaios de louvor, dança, etc. Voltávamos para casa por
volta das 17h, para um banho rápido e logo retornávamos para o culto das
18:30h. Não me arrependo de ter dedicado todos os mais de 900 últimos domingos
ao Senhor.
O primeiro em tudo deve ser sempre ser entregue a Deus. O domingo
deve ser o dia do Senhor!
Li uma história de um freqüentador de igreja que escreveu para o
editor de um jornal e reclamou que não fazia sentido ir à igreja todos os
domingos. Ele disse: “Eu tenho ido à
igreja por 30 anos e durante este tempo eu ouvi uns 3.000 sermões. Mas não
consigo lembrar nenhum deles. Assim, eu penso que perdi meu tempo e os Pastores
estão desperdiçando o tempo deles pregando sermões!” Esta carta iniciou uma
grande controvérsia na coluna “Cartas ao Editor”, para prazer do Editor e Chefe
do jornal. Isto foi por semanas, recebendo e publicando cartas no assunto, até
que alguém escreveu este argumento: “Eu
estou casado já há 30 anos. Durante este tempo minha esposa deve ter cozinhado
umas 32.000 refeições. Eu não consigo me lembrar do cardápio de nenhuma destas
32.000 refeições. Mas de uma coisa eu sei; todas elas me nutriram e me deram a
força que eu precisava para continuar vivendo com vigor. Se minha esposa não
tivesse me dado estas refeições, eu estaria hoje fisicamente morto. Da mesma
maneira, se eu não tivesse ido à igreja aos domingos para saciar minha fome e
sede espiritual, eu estaria hoje morto espiritualmente.”
Para aqueles que querem descansar no domingo, leiam o que diz
Miqueias 2:10: “Levantai-vos e andai, porque não será aqui o vosso descanso;
por causa da corrupção que destrói, sim, que destrói grandemente.” Mq 2:10
Não quero generalizar, mas os que dizem que querem descansar no
domingo, geralmente são preguiçosos e descompromissados para com as coisas
espirituais. Salvo algumas exceções, os mesmos que querem descansar passam o
dia na frente da TV, se enchendo de porcarias. Dormem o sono de Sansão no colo
de Dalila. Tornam-se vulneráveis e geralmente manifestam carnalidades. Comem,
bebem, e se embriagam com o entretenimento mundano. Gostei de um artigo
publicado no informativo dos Atletas de Cristo com o título “Domingo sem desculpas”.
Assim dizia o artigo:
“Para aqueles que têm sempre alguma desculpa para matar os cultos
de domingo, uma ótima notícia: A igreja está preparando para o próximo fim de
semana o ‘Domingo Sem Desculpas’. Não percam! Saca só o que vai ter por lá
nesse dia:
1. Camas para aqueles que dizem que domingo é o único dia em que
podem dormir até tarde.
2. Capacetes de aço para aqueles que dizem: “Se eu entrar numa
igreja o teto cai na minha cabeça”.
3. Cobertores para aqueles que acham a igreja muito fria.
4. Ventiladores para aqueles que acham a igreja muito quente.
5. Aparelhos de surdez para os que acham que o pastor fala muito
baixo.
6. Protetores de ouvido para os que acham que o pastor grita
muito.
7. Cartelas e lápis especiais para anotar os tantos defeitos dos
irmãos presentes.
8. Alguns parentes à disposição para aqueles que gostam de fazer
visita aos domingos.
9. Pratos congelados para as donas de casa que não podem passar um
só domingo sem cozinhar.
10. Inauguração de um jardim “super ecológico” na igreja para os
que curtem ver Deus na natureza. Com grama, árvores e pássaros. Naturais, é
claro. (Publicado no informativo dos Atletas de Cristo No. 79).
O sopro e o vento. V. 2
“de repente, veio do céu um som,
como de um vento impetuoso, e
encheu toda a casa onde estavam assentados.” At 2:2
A festa do Pentecostes era também chamada festa da colheita e
simboliza o rico produto gerado pela ressurreição de Cristo. No Pentecostes
temos o suprimento completo de Deus para todas as nossas necessidades, o
Espírito Santo enviado para ser o nosso poder e a nossa vida. Como todas as
verdades da Palavra de Deus, o sentido espiritual do Pentecostes tem dois
lados: por um lado somos feitos lavoura de Deus a ser colhida no arrebatamento
e por outro lado somos feitos ceifeiros revestidos de poder para colher a seara
madura das almas no mundo. Gálatas 3:14 diz que a bênção mais importante do
evangelho não é o céu e nem o perdão dos pecados, mas é o Espírito Santo vindo
habitar em nós, nos encher e ser a nossa vida e poder. O Espírito Santo é o
próprio Deus habitando dentro do homem. Ele é o selo da propriedade de Deus
sobre nós, e é o penhor e antegozo da glória futura. Esse é o mistério oculto
dos séculos e das gerações, Cristo morando dentro de nós pelo Espírito Santo. “Para que a bênção
de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos,
pela fé, o Espírito prometido.” Gl 3:14
Deus sempre quis morar na terra. Na contramão disso, o homem
espera pelo céu. Muitos querem subir, mas Deus quer descer.
No verso 2, o Espírito vem como um vento impetuoso. Depois da sua ressurreição o Senhor soprou o Espírito sobre os
discípulos. O Espírito como sopro aponta para o Espírito Santo como vida. “E, havendo dito
isto, soprou sobre eles e disse-lhes:
Recebei o Espírito Santo.” Jo 20:22. Essa
vida é a vida eterna, é a Zoe de Deus (Gn 2:7). Por
outro lado o vento impetuoso que encheu a casa aponta para o Espírito como
revestimento de poder. Essas São duas experiências distintas. A primeira
experiência aponta para o novo nascimento, a regeneração, que acontece no dia
da nossa conversão quando invocamos o Senhor. A segunda experiência aponta para
o batismo no Espírito Santo quando o fogo de Deus nos enche de poder para
testemunhar.
Precisamos ver claramente a diferença entre o sopro em João 20 e o
vento em Atos 2. O sopro em João 20 visa a vida e o vento em Atos 2 visa o
revestimento de poder. Alguns pensam que o sopro de João 20 não era um fato, mas
uma representação que se cumpriu 50 dias depois no dia de Pentecostes. Tal
conceito está errado. Em João o Espírito é comparado à água para beber. “Aquele, porém, que
beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que
eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.” Jo 4:14
“No último dia, o
grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a
mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de
receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado,
porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” Jo. 7:37-39
Atos dos Apóstolos logo em seu início, registra que
a obra de Jesus foi continuada pelo Espírito Santo, através dos apóstolos.
Eles, no entanto, não predominam no livro dos Atos, mas o Espírito Santo. Jesus
é o assunto principal nos evangelhos e, em comparação, pouco é dito sobre o
Espírito Santo. Mas, em Atos, o Espírito Santo é o Consolador, Ajudador, Mestre
e força motriz para a glória e poder de Deus se manifestar. Tudo na vida e na
pregação dos apóstolos e dos crentes primitivos se centralizava em Jesus como
Salvador vivo e Senhor exaltado, mas também na unção do Espírito Santo como
poder para continuarem vivendo de maneira vitoriosa.
O desejo de estender o Evangelho até os confins da
Terra num primeiro momento era de Cristo (1:8),
mas quando o poder do alto revestiu os discípulos no cenáculo, eles se
tornaram intrépidos e corajosos como Cristo. O mesmo poder do Espírito que
havia ressucitado a Jesus, agora estava dentro dos discípulos pela imersão no
fogo.
Revestidos pelo Espírito
Nos evangelhos, Jesus vem proporcionar um novo nascimento, mas em
Atos o Espírito vem nos revestir para vivermos uma vida vitoriosa. Lucas e Atos
compõe um mesmo livro, são um único volume, e o Espírito é comparado à roupa que
vestimos. “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei,
pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.” Lc 24:49
A água da vida é para limpar o interior e o fogo é como uma roupa que
reveste o crente para a obra exterior. Vamos ilustrar isso com um policial.
Quando ele se levanta ele precisa beber ou comer algo para ter força. Isto é
representado pelo Espírito como vida. Mas ele precisa colocar o uniforme para
ter autoridade. O uniforme é o Espírito como poder.
Ter apenas a vida não garante autoridade. Há muitos crentes que de
fato são nascidos de novo, mas que não possuem autoridade para testemunhar
porque não são cheios do Espírito. Depois de ser revestido com o uniforme do
Espírito Pedro pôde se levantar a falar com autoridade. Devemos rejeitar todo
ensinamento errado sobre o Espírito Santo. O sopro é para vida e o vento é para
o mover. O sopro nos dá força, mas o vento nos dá poder e autoridade. Do ponto
de vista de nossa experiência talvez não percebamos diferença nenhuma, mas duas
palavras no grego são traduzidas como encher no texto. No verso 2 diz
que um vento “encheu” a casa, aqui o verbo usado é “pleróo” que
significa encher por dentro. Depois no verso quatro diz que todos ficaram “cheios”
do Espírito. A palavra usada aqui para cheio é “plethó” que
significa ser cheio por fora.
Todo crente precisa experimentar os dois aspectos do Espírito
Santo. Mesmo o Senhor Jesus experimentou isso. Ele era nascido do Espírito (Lc
1:35, Mt 1:18 e 20) e também foi ungido com o Espírito Santo (Mt 3:16; Lc
4:18). Ele tinha o Espírito como vida e como unção. Lamentavelmente há muitos
que possuem a vida, porém negligenciam a unção do Espírito.
Línguas
de fogo - v. 3
“E apareceram, distribuídas entre eles, línguas,
como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.” At 2:3
No verso 3, lemos que línguas de fogo pousaram sobre cada um
deles. A língua é um símbolo da fala, o que denota que o Espírito como poder é
principalmente para falar. Ele é o Espírito que fala. O fogo simboliza o poder
ardente que há no mover de Deus para purificar e motivar nos levando sempre a
falar.
E
passaram a falar em outras línguas - v. 4
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo
e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes
concedia que falassem.” At 2:4
Ainda que os homens entendiam o que os Apóstolos proferiam, as
línguas podem ser interpretadas e não traduzidas. Nem sempre as línguas são
dialetos como em Atos, mas podem ser ininteligíveis como I Coríntios 12 a 14.
Paulo disse que algumas línguas são celestiais (língua dos anjos
1Co 13). “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não
tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.” I Cor.
13:1
Elas podem se manifestar com gemidos inexprimíveis (Rm 8:26). “Também o Espírito,
semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como
convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos
inexprimíveis.” Rm. 8:26
É um princípio de Deus que as realidades e experiências
espirituais têm manifestações naturais e físicas em nossas vidas. Por exemplo:
Se realmente temos um amor divino, ele se revela por um amor aos irmãos. Os
pensamentos dos nossos corações são expressos pelas nossas palavras. O
verdadeiro arrependimento é expresso pelo batismo na água e confissão pública.
E o recebimento do Espírito é manifesto pelo falar em línguas. Há uma diferença
entre línguas como a evidência inicial do batismo do Espírito Santo e o falar
em línguas como o “dom de línguas”.
Todos os casos em Atos onde se mostra alguém recebendo o batismo
no Espírito Santo mostram que as pessoas falaram em línguas ao receberem o
Espírito. Os exemplos bíblicos nos mostram que todos deveriam falar em línguas
ao receberem o Espírito.
O exemplo do dia de Pestecostes. “Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia
que falassem.” Atos 2:4
O exemplo dos Samaritanos. “Então, lhes impunham as mãos, e
recebiam estes o Espírito Santo. Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem
os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito Santo, ofereceu-lhes
dinheiro, propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre
quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo.” At 8:17-19
O exemplo de Paulo. “Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as
mãos, dizendo: Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que
te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques
cheio do Espírito Santo.” At 9:17
“Dou graças a Deus,
porque falo em outras línguas mais do
que todos vós.” 1Co 14:18
O exemplo de Cornélio. “Ainda Pedro falava estas coisas
quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis
que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também
sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando
em línguas e engrandecendo a Deus.” Atos 10:44-46
O exemplo de Éfeso. “perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando
crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o
Espírito Santo. Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados?
Responderam: No batismo de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de
arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a
saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor
Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto
falavam em línguas como profetizavam.” Atos 19:2-6
Na maioria destes casos, é bem óbvio que eles não se submeteram às
instruções do Senhor naquilo que se refere à maneira com que as línguas
deveriam ser usadas para edificarem a assembléia. Todos eles, por exemplo,
falaram ao mesmo tempo. Na primeira carta aos Coríntios 14:6, 23 e 27 vemos que
isto está em desordem na igreja. Além disso, não havia interpretação, o que 1Co14:5
e 28 revelam como sendo impróprio também na reunião da igreja. Todavia, Paulo
mostra que há também um falar em línguas dentre os vários dons que foram dados
à Igreja para o ministério do Corpo. (1Co 12:10 e 30 além de 14:5 e 26)
Foi a confusão destes dois, aliás, que Paulo procurou corrigir na
Igreja de Corinto. Alguns vinham às reuniões e falavam em línguas demasiadamente,
sem nenhuma interpretação, produzindo abusos e confusão. Assim, Paulo
esclareceu este problema mostrando que na reunião da Igreja cada pessoa deveria
procurar edificar o Corpo (1Co 14:12); e que as mensagens em línguas dadas no
Corpo deveriam ser interpretadas para que todos pudessem ser edificados (1Co
14:5 e 28).
Paulo esclarece, no entanto, que ele não está se referindo ao uso
privado de línguas, nas orações e louvor deles ao Senhor (Ver 1Co 14:4,15,18 e
19). A isto ele chama de “orar no Espírito” e “cantar no Espírito” (V. 15) e
confirma o fato de que deveríamos praticá-lo.
Fica claro diante de tantas passagens
que quem tem o batismo e revestimento do Espírito santo fala! Por que você acha
que tantas pessoas não falam das coisas concernentes a vontade de Deus? Não
falam sobre o Reino, Biblia, santidade, discipulado, dízimo, oferta, igreja,
etc. Assim, perpetuam o vazio existencial deixando de ser testemunhas vivas do
poder de Deus.
“15 Portanto, vede diligentemente como andais, não como néscios, mas como
sábios, 16 usando bem cada oportunidade,
porquanto os dias são maus. 17 Por isso,
não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. 18 E não vos embriagueis com vinho, no
qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito, 19 falando entre vós em salmos, hinos, e
cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, 20 sempre dando graças por tudo a Deus, o
Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
21 sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” Ef 5:15-21
Nós
só somos cheios quando falamos. Crente calado é crente vazio!
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