“7 E, para que não me
ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne,
mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. 8 Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. 9 Então,
ele me disse: A minha graça te basta,
porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me
gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. 10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas,
nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de
Cristo. Porque, quando sou fraco,
então, é que sou forte.” 2Co 12:7-10
Introdução
“Por causa da grandiosidade daquelas
revelações, para que eu não ficasse orgulhoso, recebi o dom de um obstáculo, que me mantém em contato permanente com minhas
limitações. O anjo de Satanás
fez o melhor que pôde para me derrubar, mas o que conseguiu foi me pôr de
joelhos. Sem chance que eu ande de nariz empinado e orgulhoso! No princípio, eu não pensava nele como
um dom, e pedi a Deus que o removesse. Repeti o pedido três vezes; então, ele me disse: Minha graça é o bastante; é tudo de que você precisa. Minha força brota da sua fraqueza.
Assim que ouvi isso, achei melhor me resignar. Desisti de ficar pensando na
limitação e comecei a apreciar o dom.
Foi uma oportunidade para que a força de Cristo trabalhasse na minha fraqueza.
Agora enfrento com alegria essas limitações, com tudo que me torna pequeno —
abusos, acidentes, oposição, problemas. Simplesmente
permito que Cristo assuma o controle! E, quanto mais fraco me apresento, mais forte me torno.” 2Co 12:3 (A
Mensagem)
No texto compartilhado,
vemos Paulo passando por uma extrema aflição. No limites de suas forças, como
que num último recurso, Paulo ora três vezes ao Senhor e a resposta que o mesmo
recebe é: “a minha graça te basta”. Meu Deus! Esse não é o tipo de resposta que
se espera quando se está desesperado. Quando oramos a Deus, esperamos que o
Senhor providencie a resposta de imediato. E esperamos também que a resposta
seja arrancar o problema de nós. Mas o que vemos no texto é Jesus Cristo
dizendo: “Paulo, não vou tirar esse espinho da sua carne, mas vou capacitá-lo
através da minha graça”.
Qual é o problema da
maior parte dos cristãos que conheço? Eles não dependem da graça somente mas
tentam de todas as maneiras fazer algo para sua própria justificação.
A lição aqui é que
devemos depender da graça. A partir do novo nascimento a graça deve se
manifestar pois tudo a partir da salvação deve ser pela graça. Você pode
perguntar: Mas pastor, onde fica Tiago quando a fé sem obras é morta?
As obras nunca podem
ser para a nossa justificação.
Disciplinas para alcançar graça?
Dentro das nossas
igrejas, sutilmente acontece uma tentativa de negociata com o Senhor. Orações
com bases bíblicas, jejuns, promessas, são práticas habituais para se alcançar
o que de graça nos foi concedido. Já pensou como seria a espiritualidade de uma
pessoa, se em sua vida cotidiana, essas disciplinas espirituais fossem levadas
tão a sério como nos dias em que queremos receber algo do Senhor?
Em tempos de “buscar a
nossa bênção”, vale de tudo: Arrependimento profundo; orações e jejuns;
reconciliação com irmãos; abstinência completa, etc.
Quero deixar claro, que
não tenho nada contra as disciplinas espirituais, muito pelo contrário, eu as
pratico e sei que delas depende a nossa permanência e relacionamento com o
Senhor. Apenas creio ser muito perigoso e arriscado querer comprar o que não se
pode pagar. Se recebemos algo de graça, é evidente que não precisamos pagar
nada por isso. Simples assim. A benção de Deus não tem preço, é de graça!
Tentar induzir, coagir
ou constranger nosso Senhor a mover-se em nosso favor com nossas práticas
devocionais é insultá-lo, é colocarmo-nos à margem da graça.
Sempre achamos que temos algo bom em nós
O pensamento que temos
é que podemos fazer algo para ajudar Deus. É sempre assim que pensamos.
Na pregação “Graça
Irresistível e Depravação Total”, John Piper disse: “Não é que 99% de você seja
escravo do pecado e uma parte de 1% seja bem esperta ou espiritual ou bastante
bem-sucedida para produzir o que é exigido de você. Não há esse 1%, estamos
100% mortos em delitos e pecados e somos incapazes de fazer o bem. Você ama o
mal de tal forma que não consegue fazer o bem. Você é tão inclinado ao orgulho,
que não consegue ser humilde”.
Eis a verdade: Em nossa
natureza não habita bem algum!
“16 Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é
boa. 17 Neste caso, quem faz isto já
não sou eu, mas o pecado que habita em mim.
18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum,
pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. 19 Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero,
esse faço.
20 Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o
pecado que habita em mim.” Rm 7:16-20
“20 logo, já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive (diariamente) em mim; e esse viver que, agora, tenho
na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou
por mim.” Gl 2:20
“Pois todos nós somos
como o imundo, e todas as nossas
justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e
as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam.” Is 64:6
Quando
pensamos que Deus está fazendo algo pelo que nós fazemos estamos negociando com Deus!
Podemos chamar tal
prática de “mercantilismo espiritual” e isso é muito comum nos dias de hoje.
Quando o homem desenvolve uma prática devocional, seja ela qual for, com o
objetivo de receber algo de Deus, anula-se o pleno e perfeito sacrifício de
Cristo. Não precisamos acrescentar nenhum esforço sobre a obra que Jesus
concluiu.
“Ele verá o fruto do
trabalho da sua alma, e ficará satisfeito;
com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniquidades
deles levará sobre si.” Is 53:11
Deus não divide a glória d’Ele com ninguém!
“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra,
às imagens de escultura.” Is 42:8
Nosso devocional é muito importante!
Como já disse, devemos
desenvolver o hábito do devocional diário, mas sem querer barganhar com Deus.
Não devemos orar e
jejuar para Deus agir, mas porque Ele agiu fazemos essas coisas. Em outra
dispensação, essa coisas de fato eram necessárias para a justificação. Mas nos
dias de hoje, devemos fazer tudo isso para manifestar a nossa fé em Deus e não
para sermos justificados pelas nossas obras.
Muitos tropeçam nesse
sentido quando oram para ter poder, e não para relacionar com Deus; estudam a
Bíblia não para conhecer ao Senhor e fazer sua vontade, mas só para preparar
uma mensagem, texto ou canção; jejuam para acontecer aquilo que estamos
esperando e buscando, e não para aguçar os sentidos e termos comunhão íntima
com O Amado. É nessa hora que o sentimento de gratidão e o estado de
dependência de Deus vão por água abaixo! Perdemos o sentimento de gratidão porque
Deus não está fazendo de graça, tem um motivo, e o motivo é: Eu estou fazendo
também. Perco o estado de dependência porque não dependo somente de Deus,
dependo também das minhas práticas ou esforço próprio.
C.S. Lewis escreveu
acertadamente: “O diabo manda armadilhas aos pares. Fugindo de uma
armadilha é possível que eu caia na outra”.
Com uma “boa” intenção
de fazer a coisa certa, nós podemos estar fazendo o certo da maneira errada.
Veja o exemplo de Paulo quando ainda era perseguidor da igreja. Ele achava que
estava fazendo um favor a Deus enquanto perseguia os cristãos, mas foi
duramente reprovado pelo Senhor na estrada que conduzia a Damasco.
Não entendemos a graça
Temos certa dificuldade
em lidar com a questão da graça, pois vivemos debaixo de um sistema de
recompensas. Desde a mais tenra idade somos ensinados que se fizermos a
coisa certa, então seremos recompensados, doutra sorte, nossas ações erradas
nos trarão dano e punição. Não quero dizer que isso seja totalmente errado,
pois de fato a lei da semeadura nos ensina que colheremos exatamente de acordo
com o que estamos plantando. O problema surge, quando fazemos da lei da
semeadura uma lei absoluta e irrevogável. A lei de Moisés está mais viva do
que nunca nos dias de hoje na vida de muitos irmãos, eliminando a graça e o
favor de Deus, fazendo parte do cotidiano, ainda que de maneira disfarçada.
Nossa mente tem dificuldade em assimilar o favor de Deus.
É comum rejeitar o que nos é dado de graça
Por exemplo, se estamos
em débito com alguém e este decide perdoar nossa dívida, muitas vezes
resistimos o favor dizendo: “Que isso? Você está me ajudando, mas assim que
puder, eu te pago”. Você já deve ter ficado constrangido, quando depois de
almoçar com um amigo, este se dispõe para pagar a sua conta. Costumamos
rejeitar a ideia dizendo: “Que isso? Deixa que eu pago”. Chamamos isso de
“justiça própria” ou “auto justificação”, podemos chamar também de “Síndrome do
jovem rico”, pois em Mateus 19, após Jesus ensinar sobre alguns valores do
Reino de Deus, Ele é abordado por um jovem rico que lhe pergunta:
“16 ... (b) Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna? 17 Respondeu-lhe Jesus: Por que me perguntas acerca do que é bom? Bom só existe um. Se queres,
porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. 18 E ele lhe perguntou: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás, não
adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho; 19 honra a teu pai e a tua mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
20 Replicou-lhe o jovem: Tudo isso
tenho observado; que me falta ainda? 21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser
perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu;
depois, vem e segue-me. 22 Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste,
por ser dono de muitas propriedades. Mt 19:16-22
Jesus repreende este
jovem dizendo que o único bom é Deus, e desafia o mesmo a abrir mão de suas
posses para depois segui-lo. O jovem queria fazer algo de si mesmo para receber
de Deus, mas como era de se esperar, diante do desafio proposto por Jesus, o
jovem rico desistiu do preço proposto e foi-se embora. Veja que passou pela
cabeça deste homem a possibilidade de se justificar. O sujeito cheio de “boas
intenções” queria pagar pela salvação. Por isso muitas pessoas não compreendem
a salvação como um favor imerecido.
Muitos cristãos hoje em
dia estão sofrendo da doença dos Gálatas, pois querem acrescentar esforços ao
sacrifício de Jesus.
Veja a exortação de
Paulo aos Gálatas:
“1 Para a liberdade
foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de
novo, a jugo de escravidão. 2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes
circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. 3 De novo, testifico a todo
homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.
4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei;
da graça decaístes.” Gl 5:1-4
A salvação é o favor
imerecido para aquele que crê e confessa.
Isaias deixa
claro que o que Jesus fez foi suficiente para que sejamos justificados
completamente.
“11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e
ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a
muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si.” Is 53:11
Nós não devemos ter
problema com a afirmação que diz: “A salvação é um dom gratuito da parte de
Deus”. Não precisamos fazer absolutamente nada além de crer e confessar, para
sermos salvos. É o favor imerecido! É a graça!
“Porque pela graça sois
salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de
obras, para que ninguém se glorie.” Ef 2:8-9
Não podemos acrescentar
um só esforço por menor que seja para a nossa salvação. Ele pagou toda a nossa
dívida. O que Jesus fez pela humanidade foi perfeito, por isso a palavra nos
ensina que Aquele que começou a boa obra nas nossas vidas é também responsável
por terminá-la.
Mas será que
a graça é somente para a salvação eterna?
“...tendo por certo isto
mesmo, que aquele que em vós começou
a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus...” Fl 1:6
“Jesus, porém, tendo
oferecido, para sempre, um
único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, 13 aguardando,
daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés.
14 Porque, com uma única oferta,
aperfeiçoou para sempre (já está consumado) quantos estão sendo santificados.”
Hb 10:12-14
Deus Pai aprovou o
sacrifício de Jesus de uma vez por todas! O que Ele fez foi único, perfeito,
suficiente e eterno! Ele pagou pelos pecados passados, presentes e os que ainda
vamos cometer. Porque com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos
estão sendo santificados. Aleluia!
É favor imerecido! É
graça! A salvação é o favor imerecido para aquele que crê e confessa.
Agora nos cabe entrar
na plena dimensão da graça, que deve se
manifestar em nosso viver diário nos provendo em todas as áreas.
“18b ...Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a guardar todas as coisas que
vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação
do século.” Mt 28:18-20
“Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós
o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” Rm
8:32
“26 Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um
espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um
coração de carne. 27 Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que
andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis. 28
E habitareis na terra que eu dei a vossos pais, e vós sereis o meu povo, e eu
serei o vosso Deus. 29 Pois eu vos livrarei de todas as vossas imundícias; e
chamarei o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós; 30 mas
multiplicarei o fruto das árvores, e a novidade do campo, para que não mais
recebais o opróbrio da fome entre as nações.” Ez 36:26-30
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