20160609

Uma Graça pouco desejada. Pr. Edenir Araújo - Culto de Celebração - 05/06/16

Uma Graça pouco desejada.

“Por que vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente crerdes nele...” Fp 1:29

Amados, a maior parte dos crentes que eu conheço, sabe exatamente que graça significa “favor imerecido”. Jamais conseguiríamos pagar pela graça maravilhosa dispensada sobre nós, por isso é favor imerecido. Todavia, na cabeça de muitos crentes, graça é sinônimo de felicidade, facilidade, bênçãos sem medidas, prosperidade e apenas isso. Nunca imaginamos que graça possa implicar em sofrimento, aflições ou angústias. Nunca pensamos em graça como uma oportunidade de padecer por Cristo, um meio de sofrer pela causa do evangelho de Jesus. Por essa razão, acredito ser importante falar sobre uma abordagem da graça que muitos pastores ocultam em seus púlpitos. Alguns desses ministros dizem: “Não convêm dizer que graça produza sofrimento”.

A partir de Filipenses 1:29, aprendemos que além da graça que recebemos para substituir-nos na cruz e livrar-nos do inferno, temos uma promessa de manifestação de graça após o novo nascimento, que nos dá o privilégio de sofrermos por amor a Jesus. Isso mesmo! Sofrermos por amor a Jesus. Não se assuste, pois  estou reproduzindo exatamente o que disse Paulo aos Filipenses.

De fato, poucos querem essa graça, ela não é muito atrativa, pois tudo o que esperamos da graça é provisão, conforto, descanso, alívio, prazer, etc. No entanto, embora saibamos destes benefícios que a graça nos possibilita receber, há ainda, outra manifestação da graça não tão desejável. Na verdade, poucos crentes a veem como privilégio, como favor imerecido. Para ser mais objetivo, estou me referindo à graça de contribuir.

A disposição para contribuir é uma das principais marcas da graça de Deus operando no crente. A atitude de contribuir como um mantenedor da igreja é uma graça de Deus que nos foi concedida e nos identifica como verdadeiros cristãos. O Reverendo Hernandes Dias Lopes escreveu: “A contribuição cristã é uma prática bíblica, legítima e contemporânea. O homem é julgado pelo seu dinheiro (bens materiais) tanto no reino deste mundo quanto no reino dos céus. O mundo pergunta: Quanto este indivíduo possui? Cristo pergunta: Como este homem usa o que tem? O mundo pensa, sobretudo, em ganhar dinheiro; Cristo fala sobre a forma de dá-lo. E quando um homem doa, o mundo ainda pergunta: Quanto doou? Cristo pergunta: Como doou? O mundo leva em conta o dinheiro e sua quantidade; Cristo leva em conta o homem e os seus motivos. Nós perguntamos quanto um indivíduo doa. Cristo pergunta o que lhe resta. Nós olhamos a oferta. Cristo pergunta se a oferta foi um sacrifício.”

Queridos, eu costumo dizer que “Um dos primeiros sinais de alguém alcançado pela graça é a disposição para dar sem limites”.

A graça de contribuir é ensinada aos Coríntios

“1 Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; 2 porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. 3 Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, 4 pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. 5 E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus; 6 o que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós. 7 Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça.” 2Co 8:1-7

Podemos perceber a contribuição como graça, na ocasião em que Paulo leva ao conhecimento da igreja de Corinto a atitude generosa e singular de amor que permeava os irmãos da igreja da Macedônia.

As igrejas situadas na província da Macedônia se solidarizaram com a pobre comunidade cristã da Judéia, enviando-lhes muitas contribuições financeiras. É bem provável que o volume dessa oferta deve ter sido grande, uma vez que o próprio Rei Félix esperava receber algum dinheiro de Paulo (At 24:25,26). O gesto generoso dos crentes da Macedônia inspirou e motivou Paulo a enviar Tito a Corinto, a fim de promover a mesma compreensão desencadeadora de generosidade nessa igreja. “de maneira que exortamos a Tito que, assim como antes tinha começado, assim também completasse entre vós ainda esta graça.” 2Co 8:6

Paulo enxergou no gesto dos macedônios, um padrão mais elevado de manifestação da graça. A igreja de Corinto que se julgava madura, abundando em fé, conhecimento teológico, sabedoria e serviço social, no mínimo, deveria agir de maneira semelhante à dos irmãos macedônios.

Da mesma maneira que fluímos nos dons, na comunhão, no discipulado, devemos fluir também e principalmente na generosidade para com a igreja local. A conclusão é que ofertar para a obra do Senhor é um privilégio, bem como é um privilégio ser curado, restaurado, transformado pelo poder de Deus. Nós não merecemos, mas Deus nos favoreceu nos agraciando de maneira incondicional.

Devemos enxergar a contribuição também como graça, pois nenhum de nós é digno de sustentar a obra com nossas ofertas.

Em seu livro, “Uma graça que poucos desejam”, Caio Fábio escreve: “Nossa contribuição é uma concessão de Deus. A santidade absoluta de Deus, se praticada sobre nós, não nos permitiria ‘nem contribuir’; mas na sua graça, Ele santifica nosso dinheiro, quando a grande motivação que nos leva a adquiri-lo é poder viver com dignidade e promover a causa do reino de Deus. Se não for essa a motivação secreta de nossos corações, a nossa contribuição não passará de uma abominação. Será semelhante a atitude que norteou a oferta de Caim”. (Gn 4:1-7; Jd 11)

Nossa oferta ou contribuição ao Senhor não é de fato uma oferta que fazemos para Deus, é antes de tudo, uma oferta de Deus a nós. Quem oferta a Deus, oferta a si mesmo, na medida em que dar, antes de ser uma graça que praticada de nós a outros, é uma graça de Deus a nós. Se alguém é impelido a dar, humilde e alegremente, é porque já foi tocado pela graça de Deus. Mas poucos querem essa graça, poucos abriram seus olhos para essa maravilhosa revelação, de termos sido escolhidos para participar de tão excelente obra.

Infelizmente o medo é um dos tantos equivocados fatores de motivação para a devolução de dízimos e contribuições nas igrejas. Muitos pensam que se não dizimarem, serão chamados de ladrão. Fica claro que estes não estão debaixo da graça, mas debaixo da lei. O sentimento é natural e carnal, é como atrasar uma conta de luz ou água e ficar com medo de ser protestado no SPC ou SERASA. Isso é muito triste! Tudo na graça é um produto do amor, mas na lei tudo funciona na base do medo e intimidação. O ato de contribuir movido pela graça é consequência de temor e não medo, devemos contribuir por amor a Deus e sua obra. Os cativos do medo, não são movidos pela graça.

Fomos privilegiados com a graça de contribuir e não podemos deixar escapar a oportunidade de sermos semelhantes aos macedônios. Quem apenas dá o dízimo ou se deixa motivar a contribuir pelos mesmos sentimentos daqueles que pagam suas despesas mensais para não serem protestados legalmente, ainda não passaram da Velha Aliança para a Nova Aliança, ainda não pensam com a mente de Cristo, mas relacionam com Deus na base da justiça própria, podem até ser chamados de fariseus ou religiosos, mas não podem ser reconhecidos como cristãos.

O Novo Testamento estabelece um padrão mais elevado de relacionamento com Deus e vai além do Velho Testamento também na questão da contribuição. Em Cristo, o dízimo não é a mensalidade dos crentes num clube chamado igreja, e muito menos na pessoa jurídica do pastor presidente. Na escala de valores do Reino, o dízimo e as ofertas são valores de referência mínima para estabelecer o piso de nossas contribuições, entendidas não como cobrança, mas como graça, como privilégio.

“Por que vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente crerdes nele...” Fp 1:29

Continuando a palavra sobre a contribuição, uma graça pouco desejada; a seguir alistei alguns princípios de contribuição provenientes da graça de Deus.

1. A boa situação financeira não deve ser pré-requisito para alguém contribuir. “porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade...”. 2Co 8:2

Muitas pessoas oram ao Senhor dizendo: “Jesus, quando eu conquistar muito, então ofertarei na sua casa”. Veja que os irmãos da Macedônia não esperaram enriquecerem para ofertar, eles viviam em profunda pobreza e simplesmente assumiram a responsabilidade de serem fiéis no pouco, dando o melhor que eles tinham. Lucas, quando escreveu o livro de Atos, relatou a graça se manifestando sobre essas igrejas. “Assim, pois, a igreja em toda a Judéia, Galiléia e Samaria, tinha paz, sendo edificada, e andando no temor do Senhor; e, pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava.” At 9:31

Não fique esperando abundância da parte de Deus se você não está disposto a contribuir na sua pobreza.

2. Alegria, generosidade, voluntariedade e boa-vontade são motivações indispensáveis a quem quer contribuir. “Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários...”. 2Co 8:3

É impossível compreender tamanha generosidade dos Macedônios com uma mente natural. O texto acima está dizendo que esses irmãos deram do que eles não tinham, é como se eles tivessem tomando emprestado para ofertarem aos irmãos mais necessitados.

3. A contribuição deve ser extraordinária e não ordinária. “e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.” 2Co 8:2b

O esforço dos Macedônios não foi algo mediano, mas algo incomum, eles fugiram da mediocridade e romperam com os limites do natural. Esses preciosos irmãos não contribuíram para constarem nos relatórios, nem para aparecerem como estatística, eles foram sobrenaturais. 

4. A contribuição deve ser uma extensão do compromisso que se tem com o louvor a Deus, com a maturidade espiritual e com a propagação do Reino de Deus. “E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus...”. 2Co 8:5

“Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça.” 2Co 8:7

Lembremo-nos do motivo pelo qual Caim teve sua oferta rejeitada. Em Gênesis podemos ver que a oferta de Caim rejeitada por Deus foi consequência de uma atitude rejeitada. “3 Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. 4 Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, 5 mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.” Gn 4:3-5

Caim foi rejeitado porque confiou na sua força, sua oferta foi desprovida de fé. O escritor aos Hebreus diz que pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim (Hb 11:4). Abel estava sob a graça, pois pela fé demonstrou confiança e dependência de Deus. Por outro lado, Caim era ímpio, o que determinava as suas obras como más. Por não agir pela fé, tentou se justificar pelas obras e por isso foi rejeitado. Abel foi aceito porque creu em Deus (graça), e Caim, por sua vez, não confiou em Deus, antes confiou na oferta que ofereceu (obras próprias) e foi rejeitado. Caim foi rejeitado porque não creu em Deus, e por essa razão continuou vivendo na condição herdada de Adão. Por estar sob a condenação de Adão, Caim não foi aceito por Deus, e nem a sua oferta, pois é impossível ao imundo oferecer uma oferta que suba como cheiro suave ao Senhor. (Jo 14:4)

Quando ofertou, a sua real condição diante de Deus ficou evidente: Caim viu que não era aceito por Deus quando a sua oferta foi rejeitada!

5. A contribuição tem que ser feita ainda que ela signifique um auto empobrecimento. “pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.” 2Co 8:9

“Melhor é o pouco, havendo o temor do SENHOR, do que grande tesouro onde há inquietação.” Pv 15:16
“Melhor é o pouco, havendo justiça, do que grandes rendimentos com injustiça.” Pv 16:8

6. A contribuição alegre e voluntária é desencadeadora de um ciclo de bênçãos. “6 E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. 7 Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. 8 Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, 9 como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. c, 11 enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus.” 2Co 9:6 a 11

Depois de sermos ministrados por tão grande revelação, resta-nos uma pergunta: O que poderá nos impedir de contribuir de maneira generosa se somos movidos pela graça?

Que Deus te abençoe e agracie sempre em nome de Jesus!


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