Entendendo a fé...
1. A fé é um espírito (2Co 4:13)
“Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como
está escrito: Eu cri; por isso, é que
falei. Também nós cremos; por
isso, também falamos...”. 2Co 4:13
Veja que a fé não é questão de fórmula, mas de espírito. Paulo diz que
temos o mesmo espírito de fé de Abraão, Moisés ou Davi. Sendo a fé um espírito,
ela é contagiosa e por isso pode se espalhar.
Você deve se lembrar do dia em que os doze espias foram enviados para
espiar a terra de Canaã. Depois de quarenta dias, eles voltaram e dez deles
disseram:
“Não podemos conquistar essa terra. As muralhas são
muito largas, os gigantes, muito altos, e nós somos muito pequenos”. Mas dois
deles, Josué e Calebe, disseram: “Vamos conquistar a terra, como pão, os podemos devorar;
retirou-se deles o seu amparo; o
SENHOR é conosco; não os temais”. Nm 14:9
Toda a nação acreditou nos dez espias e, por causa disso, morreram no
deserto; mas, a respeito de Calebe, o Senhor disse que nele havia um espírito
diferente.
“Porém o meu servo Calebe, visto que nele houve outro espírito, e perseverou em
seguir-me, eu o farei entrar a terra que espiou, e a sua descendência a
possuirá.” Nm 4:24
O que havia em Calebe e Josué? Havia um espírito de fé. Que o Senhor
possa dizer a respeito de nós que temos um espírito diferente.
Quando cremos e falamos, liberamos o espírito da fé!
Na segunda parte de 2 Coríntios 4:13, Paulo diz: “Eu cri; por isso, é que falei. Também nós
cremos; por isso, também falamos”. A nossa fé é liberada em nossas
palavras. Simplesmente não podemos crer em silêncio. Se você crê em algo, fale
em voz alta.
A maneira como exercitamos fé é bem simples: nós cremos e falamos. Como
recebemos a salvação?
É claro que é pela fé. Mas como exercitamos essa fé?
Simplesmente crendo com o coração e falando com a boca. Rm 10:10
“Porque com o coração se
crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” Rm 10:10
A maneira como recebemos todas as bênçãos é da mesma forma como
recebemos a maior de todas – a salvação.
“Ora, como recebestes Cristo Jesus (salvação), o Senhor, assim andai
nele (outras bênçãos)...”. Cl 2:6
Tudo o que o Senhor conquistou na cruz é nosso, mas por que alguns
crentes desfrutam de mais bênçãos que outros? Será que é por que o Senhor dá
mais para uns que para outros? Claro que não! A maneira como recebemos todas as
bênçãos do Calvário é a mesma como recebemos a salvação: crendo e falando.
2. A
fé é uma expressão verbal. Fale ao monte! (Mc 11:12-14; 20-23)
“12 No dia seguinte, quando saíram de
Betânia, teve fome. 13 E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela,
porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão
folhas; porque não era tempo de figos.
14 Então,
lhe disse Jesus: Nunca jamais coma
alguém fruto de ti! E seus
discípulos ouviram isto.” Mc 11:12-14
“20 E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz. 21 Então, Pedro, lembrando-se, falou:
Mestre, eis que a figueira que
amaldiçoaste secou. 22 Ao
que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; 23 porque em verdade vos afirmo que, se
alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu
coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.” Mc 11:20-23
Afinal de contas, por que Jesus amaldiçoou aquela
figueira já que não era tempo de figos?
Deixe-me compartilhar algumas coisas sobre figueiras em Israel. Durante
o inverno, as figueiras perdem suas folhas e então, na primavera, as folhas
brotam novamente. Quando as folhas voltam, todos sabem que dentro de mais seis
semanas o tempo dos figos estará chegando. Mas comumente, no tempo quando as
folhas brotam, também brotam os figos temporãos. Era por esses figos que o
Senhor estava procurando. Mas se uma figueira não tinha esses primeiros figos
temporãos, isso demonstrava que, seis semanas depois, não haveria figo nenhum.
Seria essa uma razão pela qual Jesus teria amaldiçoado a figueira? Pode ser que
sim. Todavia eu penso que houve outra razão para Jesus amaldiçoar aquela
figueira. Para explicar isso vamos recorrer a regra da primeira menção.
As folhas da figueira foram mencionadas pela primeira vez quando Adão e
Eva tentaram fazer cintas ou roupas para se cobrirem (Gn 3:7). Assim, a folha
de figueira, simboliza a obra humana procurando ter justiça própria diante de
Deus. É um esforço humano para tentar cobrir o pecado sem o sangue de Jesus. A
figueira com folhas sem frutos aponta para isso e por isso foi amaldiçoada por
Jesus. Nosso esforço próprio anula a graça. Nós não podemos ser justificados
por obras e sim por fé. Hebreus nos diz que somos justificados pela fé nas
obras de Cristo!
Mas o que queremos enfatizar hoje é a forma como o
Senhor ministrou fé.
Não é normal falar com árvores, mas foi exatamente o que o Senhor fez.
Isso significa que podemos falar com demônios e eles fugirão, podemos falar com
a tempestade e ela vai se acalmar, podemos falar com a doença e ela vai sair.
Esta é a maneira bíblica de expressarmos fé.
Foi exatamente este o ensino do Senhor: “ ...
se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu
coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.”. É
preciso falar ao monte. Devemos falar às nossas circunstâncias.
O monte pode ser qualquer coisa que
se oponha diante de você. Pode ser uma enfermidade, um problema financeiro, um
obstáculo ou qualquer outra coisa. Gostamos de falar com Deus a respeito da
montanha, mas o Senhor disse que devemos falar ao monte.
O que o Senhor nos ensina é o mesmo que Paulo disse: “Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito:
Eu cri; por isso, é que falei”. 2Co 4:13. Não podemos exercer fé em
silêncio. É preciso liberar a palavra (Pv 18:1).
3. A
fé deve estar nas obras de Cristo
“Assim, também a fé, se
não tiver obras, por si só está morta.” Tg 2:17
A Palavra de Deus não diz que a fé sem obras é morta? Este é um texto
bíblico que tem sido muito abusado.
Fé é a moeda do céu, é o que de fato tem valor diante de Deus. Mas
frequentemente o inimigo enviará alguém para lhe dizer que crer e confessar não
é o suficiente, você deve fazer alguma coisa. Certamente, ele lhe dirá que,
antes de exercitar fé, você precisa ter uma vida santa. O inimigo lhe dirá:
“Você tem problemas com a ira e também com a impureza, como você acha que
apenas crer e falar será suficiente? A verdade é que ele está com medo de que você
comece a andar em fé.
Quando passamos a acreditar que crer e falar não é o suficiente, então
concluímos que precisamos ter alguma ação, alguma obra. Creio que esta tem sido
a causa de muitos problemas espirituais na vida de homens de Deus.
Exemplos de pessoas que não creram e confessaram
apenas...
Por acreditar que confessar e crer
não era suficiente, um homem com diabetes resolveu parar de
tomar insulina.
Infelizmente, ele não viveu muito tempo. Um pastor achou que confessar e crer
era insuficiente e resolveu fazer uma grande dívida para comprar o prédio da
igreja. Lamentavelmente, seu ministério faliu. Um irmão solteiro creu e
confessou, mas não sabendo esperar casou com a primeira irmã que atravessou por
seu caminho. O que era uma promessa dos céus se tornou um inferno na terra.
O que havia de errado com essas pessoas? Elas deixaram de exercitar fé
da maneira de Deus e resolveram agir na força humana. O resultado foi o inverso
que esperavam.
Mas Thiago não disse que devemos
ter um comportamento coerente com a nossa fé? É claro que sim! Se estou orando
por chuva, é melhor comprar um guarda-chuva. Se estou orando por um carro,
então preciso começar a aprender a dirigir. Mas eu não vou sair e comprar um
carro sem dinheiro. Quando ajo assim, estou tentando fazer algo acontecer na
minha força.
Thiago disse que a fé sem obras é morta. Que obras são
essas?
As pessoas já nem atentam para o contexto em que Tiago disse essas
palavras.
Alguns usam esse texto para dizer que a fé só tem valor se praticarmos
também a lei. Há duas
ilustrações que Tiago usa ao fazer essa afirmação. Primeiro, ele fala de Abraão
prestes a sacrificar Isaque, e depois, de Raabe recebendo os espias. Abraão
estava prestes a matar, e Raabe teve de mentir para proteger os espias. Não
são, portanto, boas ilustrações para sancionar os dez mandamentos.
Tiago pergunta: “Não foi por obras
que Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar o próprio filho,
Isaque?” Evidentemente, ele não foi justificado diante de Deus.
Muito antes de Abraão ter um filho, Deus já o havia justificado diante dele. Gênesis 15:6 diz que Abraão creu no
Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça. Vinte anos depois, ele oferece
Isaque no altar. Isso já não era justificação diante de Deus, mas diante dos
homens.
Ambos, Abraão e Raabe são parte da genealogia de Jesus. Abraão é o nosso
pai na fé e Raabe foi bisavó de Davi. Aparecem na genealogia de Jesus. São duas
pessoas que pela fé chegaram a contrariar a lei. Isso nos fala que o padrão da
obediência em fé é maior que as obras meritórias. Abraão e Raabe são expressões
de fé. A fé é a ferramenta essencial para atrairmos o céu na terra. As obras
são sempre meritórias e nos afastam do favor de Deus.
Que obras são essas mencionadas por Thiago?
Na carta que Jesus dita à igreja de Tiatira, Jesus disse:
“Ao vencedor, que guardar até ao
fim as minhas obras, eu lhe
darei autoridade sobre as nações.” Ap 2:26
Todos nós temos uma justiça diante dos homens e uma justiça diante de
Deus. A nossa justiça diante de Deus é pela fé, mas a nossa justiça diante dos
homens é segundo as nossas obras feitas em fé. Isso é graça!
“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua
graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do
que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.” 1Co 15:10
A verdade é que fé e obras são
conceitos opostos. O padrão de fé de Jesus é: “Creia e fale! Creia e confesse!”
Não é: “Creia e faça alguma coisa!”
Quando Deus criou todas as coisas, ele apenas falou. Não houve uma ação
correspondente. Ele não falou e depois fez alguma coisa. Este é o tipo de fé
segundo Deus.
Todas as vezes que alguém nos diz que crer e falar não é suficiente, o
resultado é que paramos de falar e o fluir também cessa. A fé também é
bloqueada quando pensamos que só podemos confessar se tivermos uma vida
completamente santa.
Mas a santidade é recebida pela fé do mesmo modo que a salvação. Não é
uma questão de performance, mas de fé. Pedro, explicando aos irmãos de
Jerusalém sobre a conversão de Cornélio, disse que o coração deles tinha sido
purificado pela fé (At 15:8-9).
“8 Ora, Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o
Espírito Santo a eles, como também a nós nos concedera. 9 E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé o coração.”
At 15:8-9
Paulo diz que Cristo se tornou para nós salvação e santificação. Então,
não é uma questão de performance, mas de ter a presença dele em nós (1Co 1:30).
Uma vez que entendemos que somos santos nele, temos ousadia para crer e
falar. E, quando exercitamos fé dessa maneira simples, vemos a manifestação do
poder de Deus.
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