UNAM-SE UNS
AOS OUTROS
“Assim
nós, que somos muitos, somos um só
corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros (...). Então, tende o mesmo sentimento uns para com os
outros.” Rm 12:5,16
Disfunção é uma anomalia no funcionamento de
qualquer todo organicamente estruturado (de um órgão, de uma glândula, de um
aparelho, etc.). Anormalidade em qualquer situação seja ela familiar, social,
escolar, no trabalho, entre outras.
Disfunção é um mau funcionamento de algo. Alguns sinônimos de
disfunção é: distúrbio, perturbação, anomalia, problema, transtorno, alteração, disfuncionamento, doença.
Isso acontece quando um corpo perde sua normalidade.
Do mesmo modo como o Pai está unido ao Filho e o Filho
está unido ao Pai, os cristãos devem viver unidos entre si. Viver em união com
os seus irmãos na fé constitui a melhor prova que o cristão pode dar de sua
união com Deus. Esse foi o desejo expresso por Jesus em sua oração ao Pai:
“20 Não rogo somente por
estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua
palavra; 21
a fim de que todos sejam um; e
como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste. 22 Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que
sejam um, como nós o somos; 23 eu neles, e tu em mim, a fim de que
sejam aperfeiçoados na unidade, para
que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.” Jo 17:20-23
Com base nos ensinos de Cristo e dos apóstolos,
trataremos, neste estudo, a questão da união espiritual entre os cristãos.
Antes de tudo, porém, cumpre-nos dizer que o viver em união constitui uma das
mais importantes recomendações da palavra de Deus. O apóstolo Paulo, por
exemplo, escreve aos Coríntios e solicita desses irmãos, em nome Jesus, que
sejam unidos entre si. Ele diz:
“10
Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões;
antes, sejais inteiramente unidos,
na mesma disposição mental e no mesmo
parecer. 11 Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da
casa de Cloe, de que há contendas entre vós. 12 Refiro-me ao fato de cada um de
vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. 13
Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes,
porventura, batizados em nome de Paulo?” 1Co 1:10-13
O cristão que ainda não aprendeu a viver em harmonia com
seus irmãos de fé, ainda não entendeu a verdadeira essência do evangelho de
Cristo.
1.
Os mandamentos da unidade:
Para tornar mais clara a questão da nossa unidade, temos
a contribuição dada por Paulo, na comparação que fez entre a igreja e o
conjunto de membros que formam o corpo humano. No corpo humano, como sabemos,
cada membro tem a sua maneira própria de operar e nenhum pode dispensar a
participação dos demais. Sobre isso, o apóstolo diz:
“4 Porque
assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a
mesma função, 5 assim também nós,
conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros...”
Rm 12:4-5
Considerando a comparação feita entre a igreja de Cristo
e o corpo humano, há algo que jamais podemos esquecer:
1. Somos diferentes uns dos outros – Não é bom que julguemos
nossos irmãos por serem tão diferentes uns dos outros. Isso é plano e projeto
de Deus para a sua igreja.
2. Cada membro desse corpo está de tal modo ligado aos
demais que aquilo que acontece com um deles afeta, de alguma forma, os outros. A
Bíblia afirma: Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando
um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele (1 Co 12:26 – NVI).
Em virtude dessa dependência que há, entre os membros do
corpo de Cristo, Paulo novamente sugere:
“Alegrai-vos
com os que se alegram; e chorai com os que choram”. (Rm 12:15).
A frase anterior nos mostra que precisamos aprender a ter
empatia, a ponto de sofrermos com os que sofrem e alegrar-nos com os que se
alegram. Devemos nos importar e nos preocupar uns com os outros. Não estamos
num campeonato dentro do corpo de Cristo (igreja), competindo para saber quem é
o mais talentoso, o mais espiritual ou para saber quem é o maior ou o melhor.
Somos companheiros e não concorrentes.
Infelizmente, muitos estão no corpo de Cristo num mover
de competitividade. Parece-me que alguns irmãos estão fazendo igreja como se
estivessem jogando Tênis, esporte altamente competitivo. Em vez de Tênis,
deveriam estes, jogar peteca. Neste esporte, as pessoas não competem, mas forma
uma equipe, facilitam as coisas para o seu próximo.
Aos Efésios, Paulo recomendou que a vida cristã exista em
união.
“1 Rogo-vos, pois, eu, o
prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes
chamados, 2 com toda a humildade e
mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, 3 esforçando-vos diligentemente por
preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; 4 há somente um corpo e um Espírito,
como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; 5 há um
só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 um só Deus e Pai de todos, o qual é
sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” Ef 4:1-6
Isso porque a convivência dos irmãos em união é boa e
agradável (cf. Sl 133:1).
2.
Os destruidores da unidade:
Muitos estão pensando que o diabo é o fator principal de
enfraquecimento da igreja. Muitos estão culpando os ímpios com suas práticas
profanas pelo esfriamento dos crentes. Todavia, o principal responsável pelo
atrofiamento de muitos crentes e igrejas é o modo de tratamento dos membros da
igreja de Cristo em relação aos outros. O modo como nos tratamos pode
fortalecer ou enfraquecer a unidade entre ambos.
A atitude partidarista, por exemplo, uma vez adotada,
pode destruir a comunhão, porque divide as pessoas entre si, colocando-as umas
contra as outras, gerando contendas e desentendimentos. Esse tipo de atitude
não pode existir entre os cristãos. Daí a recomendação do servo de Deus:
“Nada
façais por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores
a si mesmo” Fp 2:3
Para que os irmãos vivam em união, é necessário, ainda,
que cada um reconheça as virtudes que existem nos outros. Foi seguindo esta
linha de pensamento que o apóstolo dos gentios escreveu aos filipenses as
seguintes palavras:
“Não
atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é
dos outros”. Fp 2:4
Quando subvalorizamos os outros e nos supervalorizamos,
tornamo-nos egoístas, e o egoísmo leva-nos ao orgulho, que, por sua vez, pode
determinar a ruína da unidade existente entre nós, igreja de Cristo. Precisamos
ver e reconhecer as virtudes dos outros e evitarmos em nós qualquer sentimento
de superioridade.
Além disso: não há unidade onde não há humildade! Só o
orgulho separa pessoas. Se você alimenta a divisão e não se esforça para
promover a unidade, está prestando um desserviço para o Reino de Deus. Jesus
disse que uma casa dividida não subsistirá.
O humilde alegra-se com o bem-estar do outro e se
entristece com a tristeza do outro.
A partilha dos sentimentos fortalece a unidade.
A palavra de Deus nos exorta: De sorte que haja em vós o
mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus,
não teve por usurpação ser igual a Deus (Fp 2:5-6).
Se quisermos permanecer unidos, como Cristo deseja que
sejamos, sigamos o exemplo do Mestre, que foi humilde por excelência. Todos nós
somos iguais. Não devemos nos achar superiores, ao contrário, devemos nos ver
inferiores aos demais irmãos. De outra forma, estaremos contribuindo para a
destruição de nossa unidade.
3.
A preservação da unidade:
A “unidade cristã” não é criada pelos cristãos, mas é
produzida pelo Espírito Santo (Ef 4:3). Portanto, é nosso dever preservá-la
como algo indispensável à boa convivência entre os cristãos. O desejo que o
apóstolo expressou, no tocante aos filipenses, ilustra o desejo de Deus em
relação a todos nós.
Paulo dizia:
“1 Se há,
pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do
Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, 2 completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa,
tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. 3 Nada façais por partidarismo ou
vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si
mesmo. 4 Não tenha cada um em
vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.
5 Tende em vós o mesmo sentimento que
houve também em Cristo Jesus, 6 pois
ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
7 antes,
a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança
de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si
mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 9 Pelo
que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo
nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na
terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” Fl 2:1-11
Na carta aos Efésios, o mesmo Paulo ensina que essa
preservação da unidade deve ser feita com toda diligência e amor (Ef 4:2-3), ou
seja, precisamos trabalhar de maneira esforçada e amorosa pela integração da
igreja. Para conservarmos a unidade de pensamento entre os irmãos, precisamos
cultivar, entre estes, uma boa relação de amizade.
O apóstolo Pedro ensinou: Quanto ao mais, tenham todos o
mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam
misericordiosos e humildes. Não retribuam mal com mal, nem insulto com insulto
(1 Pe 3:8-9 – NVI). Tiago, por sua vez, ensina que não devemos falar mal uns
dos outros (Tg 4:11). Paulo também diz que não devemos mentir (Cl 3:9), nem
invejar(Gl 5:26), nem odiar (Tt 3:3) uns aos outros. Ao contrário, devemos amar
cordialmente uns aos outros com amor fraternal (Rm 12:10). Em suma, a comunhão
uns com os outros se desenvolve e prevalece através do esforço comum e da boa
vontade de todos.
A maior prioridade de sua vida deve ser cuidar de seu
irmão, e a do seu irmão deve ser cuidar de você. É assim que acontece com o
corpo humano. Por exemplo: você, às vezes, gosta de um tipo de comida; todavia,
o médico o proíbe de comê-la, por não ser boa para a sua saúde. Assim, você
deixa de comer tal alimento. Por que você deixa de comer? Por causa da saúde do
corpo!
Imagine que você esteja com dor de cabeça. Você precisa
tomar um analgésico. Então, as suas “mãos”, que não têm nada a ver com a sua
dor de cabeça, se envolverão, levando o remédio até a boca, o que lhe produzirá
o alívio. Isso quer dizer que um membro sofre pelo outro e trabalha em
benefício de todo o corpo.
Assim como no corpo humano, no corpo de Cristo, cada
membro tem a sua maneira própria de operar. Só há regularidade no funcionamento
geral da igreja quando cada um dos seus membros estiver operando em perfeita
harmonia com os demais. Unir-nos uns aos outros é mandamento do Senhor. Por
isso, no que depender de nós, devemos cultivar e preservar a unidade entre os
irmãos.
COMO
APLICAR DE MANEIRA PRÁTICA?
1.
Unidade já: nada de caminharmos
sozinhos!
Se “é melhor andar
só, do que mal acompanhado”, muito melhor é andar bem acompanhado do que andar
só. Foi isso que disse o sábio: Melhor é serem dois do que um. E ele explica a
razão: ... porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta
o seu companheiro; mas ai do que estiver só, pois caindo não haverá outro que o
levante (Ec 4:9-11). Em nossa caminhada cristã, que tipo de companheiros temos
sido? O que ajuda quem precisa ou o que precisa de ajuda? Biblicamente, cada um
tem o dever de ajudar o outro.
2.
Unidade já: nada
de nos acharmos superiores!
Nada façais por
vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si
mesmo. Fp 2:3
Em muitos casos, a
comunhão da igreja é prejudicada em decorrência da falta de humildade. Há nela
algumas pessoas que, por terem a seu favor uma maior experiência religiosa, por
terem mais tempo de caminhada cristã, por serem financeiramente mais favorecidas,
por serem intelectualmente mais esclarecidas, por serem socialmente mais bem
relacionadas etc., julgam-se superioras às demais, chegando a demonstrar isso
com gestos, palavras e atitudes. Essas coisas não deveriam existir entre os
filhos de Deus, porque, segundo Jesus, não somos nem maiores e nem melhores do
que ninguém. Todos nós somos iguais!
3.
Unidade já: nada de promovermos
divisões!
O apóstolo Paulo
parece ter sido, entre os apóstolos, aquele que mais sofreu, em consequência
das divisões entre os membros da igreja, no seu tempo. Para algumas delas, ele
pediu com “rogos” que se mantivessem unidas (Rm 16:17; 1 Co 1:10; Fp 2:2). Em
sua primeira carta aos Coríntios, ele diz textualmente: Para que não haja
divisões no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em
favor uns dos outros (1 Co 12:25). O cristão deve ser não só uma pessoa
pacífica, mas também um pacificador, promovendo e incentivando a unidade e o
bom relacionamento entre os irmãos.
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