“3 Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra
uma oferta ao SENHOR. 4 Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho
e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; 5 ao passo que de Caim e de sua oferta não
se agradou. Irou-se, pois,
sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante. 6 Então, lhe disse o
Senhor: Por que andas irado, e por
que descaiu o teu semblante? 7 Se
procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes
mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre
dominá-lo.”
O primeiro homicídio
“8 Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo,
sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou. 9 Disse o Senhor a Caim: Onde está Abel,
teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu
irmão? 10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama
da terra a mim. 11 És agora, pois, maldito por sobre a terra, cuja boca se
abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão. 12 Quando lavrares o
solo, não te dará ele a sua força; serás fugitivo e errante pela terra. 13
Então, disse Caim ao Senhor: É
tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. 14 Eis que hoje me lanças
da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e
errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará. 15 O Senhor,
porém, lhe disse: Assim, qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E
pôs o Senhor um sinal em Caim para que o não ferisse de morte
quem quer que o encontrasse. 16 Retirou-se
Caim da presença doSenhor e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.”
Descendentes de Caim
“17 E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade e lhe chamou
Enoque, o nome de seu filho.”
"Não sejamos como Caim, que pertencia ao Maligno e matou seu irmão. E por que o matou? Porque suas obras eram más e as de seu irmão eram justas."1 Jo 3:12
Hoje, nós vamos
continuar falando sobre o espírito de Caim, sobre a síndrome de Caim. Como já falamos na semana passada,
Caim inaurura o ministério da ofensa, agressão e homicídio. Gênesis 4:8 é onde
nasce a intolerância e arrogância, a indiferença e inveja.
Podemos dizer que hoje, o espírito de Caim está operando
na vida de muitos, lutando contra a mutualidade. A síndrome de Caim está mais
presente no nosso meio do que em qualquer outro tempo. E isso está de acordo
com as palavras de Jesus em Mateus 24: “por se multiplicar a iniqüidade, o amor se
esfriará de quase todos.” Mt 24:5
O amor de Deus é o combustível para a prática da
mutualidade, e quando ele se esfria, se esvai as forças para a comunhão
verdadeira, aumentando a hostilidade, a competição, a rivalidade, a inveja e a
falta de perdão aumentaria.
O que
é uma síndrome?
Síndrome
não é doença, é uma condição médica. É o grupo ou agregado de sinais e sintomas associados a uma mesma patologia e que em seu conjunto
definem o diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica.
Baseado
no comportamento de Caim, eu gostaria de compartilhar hoje, 5 sintomas que
podem denunciar a Síndrome de Caim, a indisposição para praticar o estilo de
vida Uns aos Outros.
Antes, devemos lembrar que a má atitude do coração de
Caim afetou seu presente e comprometeu seu futuro. Veja alguns dos sintomas
que dominaram seu coração, a ponto de endurecê-lo impedindo-o de amar seu
irmão.
1.
Valorização
exagerada de si mesmo. Gn 4:16-17
“16 Retirou-se Caim da presença do SENHOR e habitou na
terra de Node, ao oriente do Éden. 17 E coabitou Caim com sua mulher; ela
concebeu e deu à luz a Enoque. Caim
edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho.” Gn
4:16-17
Permitir que a vida fosse dominada pela soberba foi a
atitude que complicou a vida de Caim. A expressão Retirou-se
Caim da presença do SENHOR, deve ser considerada.
O fato de não
ter dado ouvidos ao Senhor, o fez fugir da presença do Senhor. Deus não o mandou
embora, Caim decidiu ir embora, ele retirou-se da presença do Senhor porque não
amou seu irmão e não quis se corrigido no seu erro. Não há caminhos
alternativos, além de amar seu próximo. Quando não nos dispomos a amar e
suportar nossos irmãos, inevitavelmente nos afastamos da presença de Deus.
Devemos
observar que Caim se afasta de Deus para uma terra chamada NODE, que significa
terra da peregrinação. Isso nos ensina que os que se afastam da vontade de
Deus, são como peregrinos sem paradeiro e sem destino.
O orgulho e a vergonha de Caim
O orgulho de Caim o impede de tentar ofertar novamente,
de modo a ser aceito por Deus. A
soberba de seu coração apresenta a parceira das desgraças: a vergonha. Tentar
de novo? Reconhecer o erro? Isso é uma vergonha! Foi assim com Caim. Ele
permite que o orgulho domine seu coração por inteiro. Mas, como vimos, o
orgulho não vem sozinho; ele traz sua irmã, a vergonha.
O orgulho e a vergonha. Jamais diríamos que são irmãos.
Eles parecem tão diferentes.
O orgulho
estufa o nosso peito. A vergonha pesa em nossa cabeça. O orgulho ostenta. A
vergonha esconde. O orgulho busca reconhecimento. A vergonha busca ser evitada.
Mas não se engane, pois essas emoções possuem a mesma parentela. E têm o mesmo
impacto. Elas nos afastam do Pai e dos nossos irmãos.
O orgulho diz: "você
é muito bom para ele". A vergonha diz: "você é muito ruim para
ele". O orgulho afasta. A vergonha nos mantém afastados. "Se o
orgulho precede a queda, a vergonha é o que nos impede de levantar-se após a
queda”. Não foi diferente com Caim. Com um coração dividido entre o orgulho e a
vergonha, ele passou a "temer mais o fracasso do que a desejar o
sucesso".
A Bíblia diz que Deus odeia a arrogância; ele vê o
orgulho como uma abominação porque sabe que o orgulho precede a destruição.
Por isso, Paulo ordena: "Nada façam por ambição egoísta ou por
vaidade".
A pessoa com uma visão exagerada de si mesma fundamenta
sua vida sobre a falsa premissa de que tem o controle em suas próprias mãos.
Acha-se importante demais e auto-suficiente para fazer com que as coisas
aconteçam do modo como deseja. Assim, descartam ajuda de seus familiares,
irmãos, etc.
O orgulho de Caim o fez pensar que sua vontade era mais
importante que a vontade de Deus. Não aceitava que Deus fosse Senhor absoluto
de sua vontade. Não procurava fazer as coisas do jeito de Deus.
O
estilo Caim de ser...
O jeito Caim de ser, “nariz empinado” era, a seu ver, a única
maneira de viver a vida. Leia comigo, o texto de Gênesis 4:16-17: “16 Retirou-se Caim da presença do SENHOR e habitou na terra de Node, ao
oriente do Éden. 17 E coabitou Caim
com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho.”
Gn 4:16-17
Preste atenção nas palavras:
“Retirou-se Caim da presença do
SENHOR...”. Esfriou sua relação com Deus.
“habitou na terra de Node...”. Terra da peregrinação.
Tornou-se um peregrino, sem rumo e sem destino.
“coabitou Caim com sua mulher...”.
“Caim edificou uma cidade...”. É assim com muitos
peregrinos... Fundam suas próprias igrejas...
“e lhe chamou Enoque, o nome de
seu filho...”.
Caim no controle
Qual foi o nome
da cidade? Enoque, o nome de seu filho! Chamar a cidade de Enoque era dizer:
Essa cidade é minha! A glória é minha! Assim, Caim se coloca no controle de
tudo, vivendo a vida do seu jeito, conforme sua vontade, auto-suficiente,
determinado em fazer as coisas a seu modo, baseado em sua própria força.
Caim age à sua
maneira e, como um orgulhoso convicto, faz uso de suas armas: a justificação, a
racionalização e a comparação. Ele se justifica: já que Deus não me aceitou,
vou fazer do meu jeito. Ele racionaliza: não tem mais jeito. Minha
maldade é grande demais para ser perdoada. Vou viver conforme o que eu penso
ser correto. Ele compara: nunca vou ser aceito como Abel foi.
Nada de clamar pela bondade de Deus. Nenhum apelo à
misericórdia. Caim não percebe que sua maldade não consegue diminuir o
amor de Deus por ele. Em seu entender, Caim achava que o amor divino dependia
de seu desempenho. Mas não há nada que possamos fazer para que o amor de Deus
por nós diminua ou aumente. A nossa fé não consegue conquistá-lo. Os nossos
desacertos não conseguem prejudicá-lo. Deus não nos ama menos quando falhamos.
Também é verdade que ele não nos ama mais quando somos bem-sucedidos. Deus
ama-nos incondicionalmente, qualquer que seja nosso desempenho. Caim é
soberbo demais para perceber isso, e seu orgulho traz consequências terríveis.
Esse sentimento nos coloca na contramão do caminho que conduz ao céu. Você
já ouviu a expressão nadar contra a maré? É o que faz alguém que cultiva
o orgulho como prática de vida. A ação de Deus passa a ser contrária, pois
o orgulhoso escolhe transitar na contramão da vida. Deus passa a representar-lhe
oposição, por sua escolha de pecador. E, por fim, a soberba o priva da graça
de Deus. “Deus
se opõe e resiste aos orgulhosos, mas concede graça aos simples e humildes”.
Se nos colocarmos na direção oposta a Deus, perderemos os efeitos de sua
bondade.
Caim escolhe viver fora da medida
da graça e da fé
A medida da graça e da fé consiste em termos uma imagem
adequada de nós mesmos. Nem abaixo do que somos, pois isso nos tornaria pessoas
ingratas a Deus, nem acima do que somos, pois isso seria orgulho. Nem acima,
nem abaixo! “Porque,
pela graça que me foi dada, digo a
cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense
com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” Rm
12:3
A visão exacerbada de Caim sobre si mesmo, seu jeito “nariz-empinado”
de ser o impede de humilhar-se, de procurar ajuda, de clamar por misericórdia,
de reconhecer sua fraqueza. Caim não compreende que o poder de Deus se
aperfeiçoa na fraqueza humana. Este é um dos grandes malefícios da
síndrome de Caim: valorizar demasiadamente a si mesmo.
Caim não compreende que “auto-estima significa ver a si
mesmo como Deus o vê e reconhecer-se como uma pessoa especial em quem ele
depositou dons, talentos e propósitos específicos, diferentes dos de qualquer
outra pessoa”.
2.
Espírito crítico. Gn 4:9
“Disse
o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão?” Gn 4:9
A visão exacerbada sobre si mesmo, que Caim nutriu no
coração, transformou-o em um crítico frio e maligno. Geralmente os críticos de
plantão, são na verdade intolerantes e querem impor o seu jeito de ser. Caim permite firmar em seu coração a
mentira diabólica de que ele era melhor que Abel. Caim, porém, sabia a
verdade e temia o fato de Abel ser melhor que ele. O problema não era a certeza
de ser o melhor, e sim a convicção de ser o pior. Isso o transformou em um
murmurador, um queixoso, homem cínico, alguém incapaz de desfrutar da alegria
na vida. Ele tornou-se, como
escreveu Stormie Omartian, "um tipo de pessoa que geralmente os outros
gostam de evitar".
Caim
desenvolveu uma atitude crítica no coração. Tanto que, em vez de responder
adequadamente a Deus, ele questiona: "Então o Senhor
perguntou a Caim: 'Onde está seu irmão Abel?' Respondeu ele: 'Não sei;
sou eu o responsável por meu irmão?' ". O sarcasmo de Caim
revela seu espírito crítico: sou eu o
responsável por meu irmão?
Suas atitudes de:
·
não assumir responsabilidades;
·
de fazer da vida uma competição;
·
e sua valorização exacerbada de si mesmo;
fizeram nascer
o cinismo de um espírito crítico. Eu, Senhor? Meu irmão, Senhor? Não é ele
o seu “queridinho”? Sou eu que sei dele? Desde quando sou eu o seu guardador?!
Caim questiona com sarcasmo!
Os reis das questões...
Analisando
friamente, vemos como a síndrome de Caim nos atinge até hoje. Somos os reis das
questões. Temos tantas perguntas para Deus e nenhuma resposta sobre nós mesmos
ou sobre a maneira pela qual agimos em relação aos que vivem a nosso lado.
Questionamos o plano de Deus
Passamos a agir com desconfiança
dos estatutos de Deus, duvidamos de sua boa intenção para com nossa vida e nos
rebelamos contra o fato de que seu modo de viver é o único que funciona. Deus
é visto por nós como um desmancha prazeres. E, por isso, em vez de procurarmos conhecer seu plano
bom, concluímos erroneamente que devemos fazer o que manda o nosso coração enganoso.
É exatamente aí que estragamos tudo. Acabamos por correr à frente de Deus,
tomando nossas providências e complicando nossa vida, criando dentro de
nós um estado de descontentamento interior! Com que facilidade deixamos os
planos de Deus e passamos a questioná-lo. Duvidamos de que Deus seja confiável,
de que seu plano seja bom o suficiente para nós e saímos em desabalada carreira.
No final, o que conseguimos é um coração cansado e crítico.
A verdade é
que, quando desconfiamos do plano de Deus, nosso modo de vida passa a acontecer
em oposição a Deus! E aí que o espírito crítico nos leva a ser pessoas frustradas, amargas,
sem sentido na vida. Fora da vontade de Deus, acabamos por nos colocar numa
posição que desagrada ao Criador. Dessa forma, somos dominados por sentimentos
de irrealização, pois nossa vida não alcança seu verdadeiro intento. Nunca
questione a Deus! A única maneira de viver a vida com alegria e realização é
confiar no plano de Deus e submeter-se a ele. “Confia ao SENHOR as tuas obras, e os teus
desígnios serão estabelecidos.” Pv 16:3
O espírito crítico de Caim cegou seus olhos e endureceu
seu coração, a ponto de ele se rebelar contra os desígnios de Deus.
Questionamos os métodos de Deus
Caso sejamos convencidos do plano bom de Deus, então a
síndrome de Caim manifesta-se de outra forma: nosso espírito crítico passa a
questionar os métodos que Deus utiliza para executar seus planos! Somos
invadidos pelo sentimento de que, embora o plano do Criador seja bom, os
métodos que usa para torná-lo realidade são muito complicados.
A síndrome de Caim leva-nos a querer explicações e
compreensão de tudo. Não há espaço para a mente infinita de Deus agir.
Permitimos que a síndrome coloque um ponto final no mistério e tudo se torna
lógico e racional. O resultado é o descontentamento contra Deus e contra
a vida!
Um Deus infinito espera que seres finitos como nós
confiem em seus métodos. E a razão principal está no fato de que nenhum dos métodos
que ele utiliza em nossa vida deixa de passar pelo crivo de sua misericórdia. E
a limitação humana que nos impede de entender a forma de agir do seu amor. “Assim como os
céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do
que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os seus
pensamentos.” Is 55:9
Quando não confiamos nos métodos divinos, instala-se a
síndrome de Caim, tornamo-nos pessoas críticas e a vida perde o sentido.
Esquecemo-nos de que Deus opera segundo a sua vontade e não segundo a nossa!
Questionamos o tempo de Deus
A síndrome leva-nos a avaliar o período que Deus usa
para executar seu plano. Novamente nosso coração crítico e questionador
diverge do plano divino, que parece demorar demais! Onde está Deus? Esta
passa a ser pergunta freqüente em nosso coração! Somos invadidos pela falsa
sensação de que Deus desapareceu e não trará a salvação de que precisamos.
Entramos numa crise profunda de questionamentos, lágrimas e depressão. Até
nossos inimigos se juntam a esse coração crítico e questionador com zombarias.
O muito que conseguimos, nesses questionamentos, é cansar o Pai.
“1 Até quando, SENHOR?
Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto? 2
Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração
cada dia? Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo?” Sl 13:1-2
“Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.” Lm 3:26
3.
Rejeição. Gn 4:7
“Se procederes bem, não é certo
que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o
seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” Gn 4:7
O Senhor disse a Caim: “Se você fizer o
bem, não será aceito?”. Deus não estava rejeitando a pessoa
de Caim, e sim os seus atos. Mas Caim não soube separar a rejeição dos seus
atos da rejeição de sua pessoa. E não percebeu que o que Deus procurava não era o sacrifício apenas, mas seu coração.
Não era o sacrifício de Caim que faria Deus se deleitar. Não são sacrifícios ou
holocaustos que agradam a Deus. O que lhe causa alegria e prazer é o coração
quebrantado e contrito de pessoas que se rendem a sua vontade. A estes, o
Senhor não despreza. Não há nada que leve o coração de Deus a me rejeitar como
pessoa. Isto não é tremendo?
Aceitar-nos como pessoa não significa concordar com
nossas ações erradas. Deus ama o pecador, mas odeia o pecado. “Mas Deus
demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos
pecadores.” Rm 5:8
Apesar de morrer por nós na condição de pecador, ele
não aceita o pecado. Por isso morreu, para que pudéssemos ficar livres do pecado,
para podermos gozar plenamente da sua comunhão.
Não misture a rejeição de seus
atos com a reeleição de sua pessoa
É nesse ponto que Caim se perde,
pois ele mistura a rejeição de seus atos com a rejeição de sua pessoa. Ele se deixa enganar pelo Diabo. Sua mente fundamenta-se na
seguinte mentira: "Não tenho valor; então, é perfeitamente
compreensível que as pessoas me rejeitem". E uma vez que adotemos essa
mentira como crença, passamos a interpretar tudo a partir da nossa rejeição.
Nossa mente é dominada por toda espécie de pensamentos negativos, impedindo-nos
de nutrir uma atitude positiva em relação ao amor divino e à nossa aceitação
por Deus.
Leite fica azedo se for conservado no refrigerador.
Atitudes tornam-se amargas pela mesma razão. Um coração reto, uma atitude
correta nos conserva e protege. Todavia, uma atitude ruim, amarga e azeda nos
faz estragar. Este foi o problema de Caim: ele desconsiderou a aceitação de
Deus, só a rejeição passou a ter lugar em sua mente e em seu coração. Então,
passou a reagir em conformidade com uma vida sem Deus. Seguiu adiante com a
coerência de alguém que foi rejeitado. Dá para imaginar que tipo de vida Caim
passou a ter? Relacionamentos rotos, amargura, ódio, mentira, revolta, desobediência,
rebelião e distanciamento de Deus.
4.
Não encarar a culpa e entra pelo caminho do vitimismo. Gn 4:13-14
“13 Então, disse
Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. 14 Eis que hoje me lanças da face da
terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela
terra; quem comigo se encontrar me matará.” Gn 4:13-14
Caim não
enfrentou sua culpa, e este foi um dos fatores que o levaram a se afastar de
Deus. Ele saiu da presença do Senhor
para não ter de enfrentar o fracasso. Seu pecado aprisionou-o e
trancou-o atrás das garras da vergonha, da decepção, do medo e da culpa.
É isso que vemos em Caim. A
atitude de não tratar a culpa está estampada em suas palavras:
“Então, disse Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso
suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença
hei de esconder-me; serei fugitivo e
errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará.” Gn 4:13-14
Esconder-se e fugir tornaram-se as opções possíveis na
mente culpada de Caim, e também é o caminho que muitos estão trilhando.
Caim entra pelo caminho do vitimismo.
A pessoa que vive se fazendo de vítima diante de seus
fracassos, está na verdade promovendo a própria mediocridade. Em vez de assumir
a responsabilidade pelo acontece em sua própria vida prefere colocar a culpa em
outros. Aquele que não reconhece seus erros, inviabiliza a sua recuperação.
Eu tenho visto que na maioria dos casos as pessoas não são vítimas, e sim, se fazem de vítimas. Existe uma distância muito grande entre ser vítima e se fazer de vítima. Se fazer de vítima, é sempre mais cômodo do que assumir responsabilidades e suas consequências.
Acredite, é fácil descobrir se alguém está se fazendo de vítima, observe se essa mesma pessoa...
1. Frequentemente coloca a culpa dos seus fracassos em terceiros
2. Frequentemente vive se queixando
de tudo e de todos.
3. Frequentemente está se
justificando.
“Antes de procurarmos um culpado, devemos pensar numa solução.” Henry Ford
Não
encarar a culpa sempre nos afasta de Deus e das pessoas, porque Satanás vem e
semeia a vergonha.
Se ele não
pode nos seduzir com o nosso pecado, ele nos fará pensar em nossa culpa. Nada o
faz exultar mais do que nos ver nos escondendo em um canto, embaraçado por
estarmos de volta com um velho hábito. "Deus já está cheio de meus conflitos",
cochicha ele. "Meu pai está cansado dos seus pedidos de perdão",
é isso o que ele nos diz.
A culpa cria um
ambiente desesperador. Ela é um algoz que nos tortura incansavelmente. Ela nos
priva da felicidade e arruína nossa confiança. Quando não a tratamos de modo
adequado, ela instala em nós um constante temor de sermos descobertos em nosso
pecado. E isso causa uma grande tensão, que nos leva a um negligente abandono,
num esforço frenético por escapar do dedo condenador que insiste em perturbar
nossa consciência. Essa tensão se manifesta em todas as áreas da vida. Mas
sobretudo na vida espiritual, impedindo nossa comunhão com Deus. Ao invés de
nos achegarmos, distanciamo-nos dele.
A Culpa nunca confirma nada, ela
agride. A Culpa nunca restaura nada, ela fere. A Culpa nunca resolve nada, ela
complica. A Culpa nunca serve para unir, ela separa. A Culpa nunca sorri, ela
franze a testa. A Culpa nunca perdoa, ela rejeita. A Culpa nunca se esquece,
mas sempre se lembra. A Culpa nunca edifica, ela destrói.
Como
Caim poderia ter tratado sua culpa?
·
Confessando e encarando o pecado em vez de escondê-lo.
“Onde está seu irmão Abel?”. Você acha que Deus
perguntou isso porque desconhecia o paradeiro de Abel ou ignorava o que havia
acontecido? Não! Deus estava dando uma oportunidade para que Caim assumisse seu
pecado. Mas ele simplesmente desconversa: “Não sei; sou eu
o responsável por meu irmão?”. E inacreditável! O que Deus
esperava de Caim é que ele abrisse seu coração e admitisse o pecado.
Mas não, ele opta por escondê-lo.
Quase posso ouvir o lamento do coração de Deus: Ah! Caim. Será que você não sabe que aquele
que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados é a pessoa mais
feliz desta terra? Será que não percebe como é feliz aquele a quem eu não
atribuo culpa? Abra os olhos! Esconder sua transgressão vai fazer você definhar
de tanto sofrer. Reconheça diante de mim o seu pecado e não encubra de mim as
suas culpas.
·
Aceitar o perdão de Deus
Veja o que Deus
sugere quando questiona Caim: “Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu
rosto? Se você fizer o bem, não será aceito?”. Três perguntas que
revelam o profundo interesse de Deus em perdoar o pecado de Caim. Deus diz:
·
O que é
isso Caim?
·
Por que
seu rosto se desfigurou?
·
Deixe essa
raiva de lado. Enfrente sua culpa! Se você fizer o que é certo, será aceito?.
Em outras
palavras: Você ainda tem chance. Nem tudo
está perdido. Ânimo, rapaz! Eu o perdôo. Faça as coisas de maneira certa e
pronto. Existe possibilidade de se refazer, existe perdão!Não imporat quantas
vezes você caiu, importante é se você quer levantar!!!
Deus oferecia
perdão a Caim, mas Caim não podia se perdoar. Sua resposta foi: “A
minha maldade é grande demais para que possa ser perdoada. Da tua face me
esconderei. Serei fugitivo e vagabundo na terra.” Ele dá as costas ao
perdão de Deus.
Caim não
assume as dificuldades que ele mesmo criou. E, por não assumir seus erros,
inviabiliza sua recuperação.
·
Optar por Deus
Deus jamais abandonaria Caim. Ele se compadece de nós
como o pai se compadece de seus filhos. Não é Deus quem se separa de Caim, mas
a maldade do coração de Caim o distancia do Criador, seu pecado encobre o rosto
de Deus.
“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os
vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.” Is 59:2
Pode até ser que uma mãe se esqueça de seu bebê que
ainda mama. E possível que uma mãe não tenha compaixão do filho que gerou.
Todavia, Deus não esquece e jamais abandona seus filhos! Caim permitiu que o
pecado o cegasse a tal ponto que o desejo dominou seu coração de forma
irresistível. Em vez de fugir do pecado, Caim se entrega aos braços do pecado. Portanto,
a Bíblia ensina que, em tempos de tentação da carne, há um só mandamento: fuja
da fornicação, fuja da idolatria, fuja das paixões da juventude, fuja da
sensualidade do mundo. Não é possível resistir a Satanás nessas ocasiões, senão
fugindo. Todo esforço contra a cobiça em nossas próprias forças está condenado
ao fracasso.
Sim! Caim poderia ter optado por ficar com Deus e
fugido do pecado, mas não foi essa a sua decisão. Desgraçadamente, ele optou
por se afastar da presença do Senhor e viver do seu jeito.
5.
Fundamentar a vida na mentira. Gn 4:9
“Disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de
meu irmão?” Gn 4:9
Deus oferece a oportunidade de Caim tratar o assunto,
resolver o problema, mas ele prefere esconder a verdade e entregar-se a uma
vida de mentiras. Caim deve ter pensado que a mentira poderia facilitar-lhe as coisas, e
assim cai no engano da mentira. Não percebe como ela é prejudicial. Não vê, ou
se nega a ver, que a mentira atinge, com poder destrutível, o mais profundo do
nosso ser. Todo homem que se aventura a mergulhar num lamaçal de mentiras fica
tão amortecido pela sujeira que se aloja em seu coração, que acaba, ele mesmo,
acreditando nas próprias invenções. Quanto mais apregoa mentiras, mais se torna
insensível e covarde em ouvir, aceitar e proferir verdades. Mais distante de
Deus permanece. A mentira corrompe nossa comunhão com Deus e, por fim, nos
distancia dele. Ela é contra a natureza de Deus, pois o Senhor é Deus da
verdade. O apóstolo Pedro declara: "... nenhum engano foi encontrado em sua
boca".1 Pe 2:22
A mentira leva-nos a romper com
Deus e a estabelecer laços estreitos com Satanás
Quando você mente, significa que você aliou-se a um espírito
de mentira, que é Satanás. Contar uma mentira significa que você deu uma porção
do seu coração ao Diabo. Permitir que o Diabo domine qualquer parte do seu
coração o torna vulnerável ao seu reino. Quanto mais você mente, mais poder ele
tem sobre você e, uma vez que esteja atado por um espírito de mentira, não será
mais capaz de parar de mentir.
O texto de João 8:44 aborda essa parte da vida de Caim.
Foi ele quem cometeu o primeiro homicídio da história da humanidade. Leiamos
João e deixemos que o texto penetre em nosso coração: "Vocês pertencem ao pai de vocês, o
Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e
não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria
língua, pois é mentiroso e pai da mentira".
A mentira separa-nos de Deus. Ela atrai a ira de Deus.
Ela nos impede de viver relacionamentos saudáveis e causa ruína.
Deixe-me
sinalizar quatro características de alguém que fundamentou sua existência na
mentira.
Isolamento
Uma pessoa que se fundamenta na mentira precisa
viver isolada. Geralmente as
pessoas que mentem vivem a crise de serem descobertas e esse medo as afasta dos
relacionamentos. Agora o pior do que o isolamento físico, é o
interior. Cercada por colegas, conhecidos, parentes, porém solitária por
dentro; sozinha e possuidora de uma mente que passa o tempo todo arquitetando
mil maneiras de impedir que o que há em seu coração torne-se visível aos olhos
dos outros; atormentada por um medo terrível de que sua máscara caia e sua
verdadeira pessoa seja revelada ao público que a assiste. Sim, porque ela se
comporta como uma personagem em cima do palco, representando um papel de
mentiras. Por trás dos sorrisos e da aparente vida festeira, essa pessoa vive
uma solidão mortal que ninguém pode imaginar.
Vida sem valor
A pessoa
que vive fundamentada na mentira sabe que suas conquistas são imerecidas. Sabe
que é uma farsa. Tem convicção de que não tem nada a ver com elas. Quando vêm os elogios,
as coroas de glória, uma voz interior denuncia que até a celebração é uma mentira.
Celebrar o quê? Festejar qual conquista? Dentro de nós, somos dominados por
pensamentos: se soubessem quem eu sou, eles saberiam a verdade sobre tudo. Isso
mata a alegria verdadeira e o sentimento de realização, de conquista.
Vida sem paz
A mentira nos rouba uma vida de paz, uma vez que a paz
é a principal evidência de que nossa vida está fundamenta na verdade de Deus. "Tu, Senhor, guardarás em perfeita paz aquele
cujo propósito está firme, porque em ti confia." Is 26:3
Uma pessoa que constrói a vida na mentira perde a paz
que excede todo o entendimento. Seu coração fica desprotegido e a sua mente, à
mercê da tragédia. A mentira não só rouba a nossa paz, como nos tira o Deus da
paz.
Vida irreal
A mentira exige
a criação de um mundo próprio, cujas companhias são: eu, a consciência, o
Diabo e Deus. O eu, com suas justificativas e racionalizações para
permanecermos na mentira. A consciência, se ainda boa, pode nos
alertar. Mas, se corrompida, afunda-nos ainda mais na mentira e tortura-nos
com a culpa. O Diabo, aquele que nos ajudou, nos incentivou a preparar
tudo, agora faz pesar sobre nós o que sabe fazer perfeitamente bem: acusar-nos
dia e noite. E Deus, ele também está nesse nosso mundo. Nada pode
nos afastar de sua presença. Mesmo nesse mundo, o braço dele continua
competente; seu ouvido sempre pronto para ouvir. O problema está na decisão
maldosa do nosso coração de continuar vivendo na mentira. Essa decisão nos
separa dele. O fato de optarmos por não romper com nossos pecados acaba por
esconder o rosto de Deus de tal forma que ele não nos ouve.
Dá para imaginar que tipo de vida vive uma pessoa que
alicerça sua existência na mentira? Deixar a mentira precisa ser a nossa escolha.
Precisamos clamar a Deus para que ele nos livre dessa armadilha. Os
salmos 120:2 e 141:3 precisam ser o conteúdo de nossas orações: "Senhor, livra-me dos
lábios mentirosos e da língua traiçoeira!"; Coloca, Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a
porta de meus lábios". Amigo leitor,
Deus planejou que vivêssemos uma vida cada vez mais abundante. Em seu plano,
nossa vereda, nosso caminhar, seria "como a luz da alvorada, que brilha cada vez mais
até a plena claridade do dia".
Como vimos na história, Caim não optou pelo plano de
Deus. Ele escolheu, por livre vontade, as atitudes que produziram o efeito
contrário em sua existência. Por isso, passou a viver uma vida que sutilmente,
preste atenção neste detalhe, estragou o seu hoje e comprometeu
negativamente o seu amanhã.
Ao finalizar este compartilhamento, convido você a
meditar cuidadosamente sobre os motivos ou atitudes do seu coração.
Tire um tempo para verificar em qual direção seu coração se inclina. Peça a
Deus para que coloque seu coração à prova. Deixe-o examiná-lo. Certifique-se de
que seu coração se alegra em fazer a vontade de Deus, de que a integridade se
encontra em seu coração.
Faça da oração do salmista a sua: “Sonda-me, ó Deus,
e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos...” Sl 139:23
“Bem-aventurados os limpos de coração,
porque verão a Deus.” Mt 5:8
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