20150714

A Videira e a dinâmica da igreja. Jo 15:1-16. Pr. Edenir Araújo - Culto de Celebração - 12/07/15

“A igreja foi enviada ao mundo para continuar o que Ele veio fazer, no mesmo Espírito, reconciliando as pessoas com Deus.” Lesslie Newbigin

Leia em sua Bíblia: João 15:1-16

É importante dizer que como em tantos outros ensinos, no texto de João 15, Jesus está se utilizando de uma ilustração ou alegoria para ensinar alguns princípios. Em boa parte de seus ensinamentos, Jesus se utiliza de uma situação física para expressar uma realidade espiritual. Aqui no texto de João 15, Ele diz que o Pai é o agricultor, Ele é a Videira Verdadeira e nós somos os ramos responsáveis por produzir frutos. O ensino de João 15 trata da dinâmica ou vida prática da igreja local.
Como já mencionamos, Jesus diz que O Pai é o agricultor que lançou a semente na terra. A semente é o próprio Jesus. Ele mesmo disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.” Jo 12:24.
Jesus decidiu morrer, e por que morreu produziu muitos frutos. Os ramos da videira somos nós. Cada cristão gerado n’Ele é um ramo, uma extensão de sua vida. Somos todos responsáveis por produzir frutos, uns poucos e outros muitos, mas todos foram chamados para frutificar. Agora é interessante dizer que nesse processo de frutificação, os ramos que somos nós, devemos perseverar. O verbo permanecer, aparece 11 vezes do verso 1 ao 10. Jesus diz que devemos permanecer n’Ele, persistir n’Ele, perseverar n’Ele! Por que insistir tanto em um posicionamento? Não sei de outro texto nas Escrituras que fala tantas vezes sobre perseverar como aqui em João 15. Aos Hebreus, o escritor diz: “Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.” Hb 10:36

Perseverança para cumprir o propósito, é a ênfase desse texto. E que propósito é esse? O verso 16 nos diz que a perseverança é para frutificação! Como já disse anteriormente, a videira é uma alegoria, uma ilustração de uma realidade espiritual sobre a igreja local. Já que o texto é uma ilustração de uma realidade espiritual, devemos olhar para a videira e através de seu processo de crescimento e frutificação experimentar o mesmo na vida da igreja local.
Observando como a videira é cultivada desde o plantio até a colheita de seus primeiros frutos, podemos aprender algumas lições.

1. A videira com seus ramos só podem crescer e produzir frutos, se apoiados em uma estrutura.

Da mesma forma, Cristo e seus ramos crescerão de maneira visível através da estrutura que chamamos de igreja local. A igreja local é essa estrutura que expressa Cristo, é seu corpo e sua única expressão. Você pode ser crente individualmente, tendo comunhão com Cristo pelo Espírito, mas será impossível ser um cristão que expressa Jesus em sua totalidade se não viver em comunidade. Ter a presença de Deus é diferente de manifestar o poder de Cristo. Temos a presença de Deus pelo Espírito habitando em nós, mas só podemos manifestar o poder de Cristo quando participamos ativamente do corpo. Como já mencionei, temos comunhão com Cristo individualmente no espírito, mas só poderemos expressar a vida de Cristo através do corpo, coletivamente na igreja. Na igreja local podemos ter esse mover plural para expressarmos Jesus. É fundamental para o cristão estar ligado a uma igreja local. Quando nos apresentamos a alguém e dizemos que somos crentes, geralmente a pessoa com quem estamos conversando nos pergunta: Você pertence a qual igreja? Outros vão mais além e perguntam: Você faz o que lá? Tem alguma responsabilidade ministerial? Eu penso que seria constrangedor dizer que sou cristão, mas não pertenço a nenhuma igreja. Se você é funcionário em alguma empresa, certamente tem uma função, assim você jamais poderia dizer: Eu fui contratado pela empresa apenas para receber o pagamento, não preciso fazer nada. Isso não existe!

Por que será que na igreja é tão normal a maioria dos irmãos fazer tão pouco e ainda assim exigir muito da parte de Deus? Nós devemos amar a igreja, por que Cristo a ama! Nós devemos morrer pela igreja porque Cristo morreu por ela. Devemos valorizar a igreja seguindo suas direções, nos envolver e produzir constantemente frutos que permaneçam. Da mesma maneira que a videira não pode viver e frutificar sem uma estrutura, nós não podemos viver a vida cristã sadia sem essa estrutura que temos e chamamos de igreja local.
Cristo precisa de nós por uma questão estrutural, por isso ele disse para Pedro: “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.” Mt 16:18. O próprio Pedro disse: “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.” 1Pe 2:5.
Agora nós precisamos de Cristo como a nossa vida (seiva), e da igreja como nossa estrutura, portanto Jesus e sua igreja devem ser para nós uma necessidade vital. Ele disse: “porque sem mim nada podeis fazer.” Jo 15:5

A vida de Deus que tanto precisamos para expressar Cristo, só pode ser experimentada em seu corpo, na igreja local. Todos os crentes precisam da comunhão, da coletividade, dos relacionamentos que só podemos ter na igreja local. Acredito que a bênção de Deus está ligada a uma geografia. A igreja local é essa extensão geográfica que delimita o lugar da bênção. É incrível pensar que existem tantas pessoas à margem da vida da igreja local, vivendo como marginais do mover de Deus.

2. A videira é uma trepadeira.

Segundo a Wikipédia, a enciclopédia Livre. “A videira, vinha ou parreira é uma trepadeira da família das victáceas, com tronco retorcido, ramos flexíveis, folhas grandes e repartidas em cinco lóbulos pontiagudos, flores esverdeadas em ramos, e cujo fruto é a uva.” 
A videira só produzirá fruto se seus ramos estiverem no alto longe da terra. Seu produto, a uva, só pode ser produzido no alto. Seu tronco está ligado à terra, mas seus ramos precisam ser lançados para o alto. Jesus disse: “Eu sou a videira, vós, os ramos.” V.5. Isso nos fala de vivermos para alcançarmos as alturas, uma vida “sobrenatural”. Não se pode querer ter uma vida cristã bem sucedida se não subirmos mais alto no Senhor. Os salmistas sabiam que deveriam subir mais alto quando oravam. Eu me recordo bem da passagem que conta a experiência de Pedro quando este andou por sobre as águas (Mt 14:22-33). Pedro quando reconheceu que era Jesus que caminhava sobre as águas, disse: “Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas. 29 E ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus.” Mt 14:28,29.

Eu penso que da mesma maneira que Cristo disse para Pedro “vem”, hoje ele também está dizendo “venham, subam mais alto, andem no mar do sobrenatural!”.
Veja como os salmistas tinham essa consciência que deveriam subir mais alto no Senhor. “A ti, SENHOR, elevo a minha alma.” Sl 25:1? “Elevo a Deus a minha voz e clamo, elevo a Deus a minha voz, para que me atenda.” (Sl 77:1). “Alegra a alma do teu servo, porque a ti, Senhor, elevo a minha alma.”(Sl 86:4). “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?” (Sl 121:1). “A ti, que habitas nos céus, elevo os olhos!” (Sl 123:1). Aos Colossenses Paulo diz: “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra...” (Cl 3:2). O Profeta Isaias disse: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim...”. (Is 61:1)
Em Atos 1 e 2 Jesus disse que do alto viria o Espírito santo que nos revestiria de poder. Lembremos também que o véu do templo se rasgou de cima para baixo, indicando que o mover de Deus sempre vem do alto. Quando Elias restaurou o altar do sacrifício, antes de orar, ele fez um rego ou vala ao redor do altar e encheu de água que representa Jesus que é a Água da vida. Esta água era para separar a terra profana do altar santo, fazendo do altar um lugar mais elevado e santo (1Re 18). É interessante dizer que nós somos este altar, e também somos o sacrifício. Veja então que devemos estar acima do nível do solo. Nossos pés tocam o chão, mas nossos corações e mentes devem estar sempre mais altos no Senhor.

3. A parte visível da videira são os ramos.

Você e eu somos responsáveis por levar Cristo. Enquanto você diz: “Cristo me conduz”, o próprio Cristo diz: “Vá e pregue a minha palavra, você é minha testemunha, meu condutor”. Lembre-se: nós podemos apresentar Jesus, ou ocultá-lo. Nós precisamos deixar de lado aquela mentalidade de que “é Deus somente quem faz a obra”. Alguns irmãos que conheço dizem que devemos olhar somente para Deus e não para o homem. Todavia, como poderemos ver Deus se manifestando sem a cooperação do homem?


Lembremo-nos do que disse Jesus, “e vos designei para que vades e deis fruto...”. É certo que sem Ele não podemos fazer nada, mas se fomos escolhidos para sermos cooperadores de Deus segundo ensina Paulo, temos uma obra que é de nossa responsabilidade. Edificar a igreja local é essa tão preciosa obra.

4. Os ramos da videira são flexíveis.

Lemos na Wikipédia que uma característica dos ramos é a flexibilidade. Assim se somos os ramos, devemos ser flexíveis. Isso nos fala de disposição para mudanças. Não negociamos princípios e valores fundamentais, mas estamos abertos para mudanças que nos permitam aperfeiçoar nosso serviço para Deus. Não podemos viver enrijecidos, duros e inflexíveis. Reconhecer que precisamos mudar, pode ser uma nova chance de produzir frutos. Costumamos dizer que devemos plantar sementes diferentes se queremos uma colheita diferente. Responda com sinceridade e descubra se você é ou não uma pessoa flexível.
·  Você é do tipo que sempre ouve calado até o fim da argumentação de seu interlocutor?
·  Você tem disposição para reconhecer um erro e de pronto se retratar?
·  Você consegue lidar bem com mudanças sem deixar que elas tirem sua paz?
·  Você consegue acatar uma ordem ou pedido contrário à sua vontade e ainda assim cumprir a obediência?
 Você reage bem às mudanças com um coração submisso?
·  Você reage mal quando alguém contraria o que você pensa?
·  Você tem facilidade em liberar perdão aos seus ofensores e promover a reconciliação sem querer nada em troca?
Se sua resposta foi negativa para algumas dessas questões, é hora de mudar, pois a inflexibilidade tem impedido muitos ramos de frutificarem. “Todo ramo (inflexível) que, estando em mim, não der fruto, ele o corta...”. (v. 2)

5. A videira leva de 120 a 200 dias para florescer e até 4 anos para dar seus primeiros frutos.

Do plantio até a primeira colheita, o agricultor espera de três a quatro anos. Mas não se desespere, pois a videira começa a florescer em até seis meses. As flores são sinais da seiva que está correndo nos ramos. A vida de Cristo está em nós e por isso já vemos tantos sinais e evidências de que o tempo de frutificar está chegando. Sinto-me seguro em dizer que Deus quer operar todos os milagres necessários para você mudar de vida, e ele já está fazendo isso. Vamos ler o verso 7: “7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito”. “16 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.” Jo 15:7,16
Veja nestes dois versos, que Jesus nos garante que teremos êxito se fizermos a sua vontade. E qual é a sua vontade? Que sejamos um ramo frutífero na edificação da igreja local. O agricultor que plantou a videira está prestes a colher seus frutos, e se ele hoje viesse à vinha para colher seus frutos, o que ele acharia? Sua vontade é que o homem ganhe e cuide de almas. O fruto aqui no texto são pessoas. Deus sempre planejou que a humanidade se espalhasse e enchesse a terra com sua glória. Adão, Noé, Abraão, Isaque, Israel, Jesus, os discípulos ouviram a mesma mensagem sobre fecundidade, frutificação e multiplicação. A igreja hoje também está recebendo a mesma ordem de frutificar através de seus ramos. É bom ressaltar que frutificar não é só pregar para as pessoas, mas principalmente cuidar delas até que estejam firmes, até que permaneçam e façam o mesmo por outros. Isso não é fácil! A igreja não é um iate para passeio, é um navio de carga. Ela não tem viajantes, têm tripulantes.

A seguir alistei algumas orientações para funcionarmos melhor como membros em nossa igreja local:
1. Participe da vida da igreja local. Seja uma parte ativa das soluções, e não mais uma voz para realçar os problemas.
2. Ore pela igreja local. Ore com humildade e fé. Lembre-se de que Jesus morreu pela igreja, ama a igreja e vai voltar para buscá-la.
3. Honre a igreja falando bem de seus irmãos e de seus líderes. Somos imperfeitos, mas sempre há algo para se elogiar. Não permita jamais que falem mal de seus irmãos ou líderes. Em nossa igreja local temos um pacto de não falar mal de nenhum irmão e muito menos da igreja na qual estamos pertencendo.
4. Sirva. Envolva-se. Todo pastor gostaria de ter alguém na igreja local disposto a ajudar, a servir ou liderar um ministério.
5. Contribua. Ajude a manter sua igreja. Muitas igrejas não podem realizar todo o trabalho que planejam simplesmente porque as pessoas são muito mais livres para criticar do que para apoiar financeiramente.

Finalmente, seja o exemplo que você gostaria de ver nos outros. Levante-se do banco e entre no jogo. Há menos queixas dentro do campo. Envolva-se na solução dos problemas. Se você ama Jesus, ame também a Sua igreja, lutando para expandi-la e edifica-la.

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